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Análise

Atividade econômica ainda fraca reforça perspectiva de taxa de juros mais baixa

FERNANDO SAMPAIO
ESPECIAL PARA A FOLHA

Depois de um 2º semestre de 2011 frustrante, em que o PIB brasileiro cresceu apenas 0,6% ao ano, esperava-se que a atividade econômica apresentasse reação sensível no início de 2012.

Contribuiriam para tanto as políticas monetária e fiscal, cuja orientação passou de contracionista (com vistas a conter a inflação) a expansionista a partir de agosto; o refluxo da incerteza suscitada pelos desdobramentos da crise financeira global (sobretudo na Europa); e o impulso ao consumo propiciado pelo reajuste mais expressivo concedido ao salário mínimo.

Os dados até o momento conhecidos sugerem que houve uma aceleração do PIB no 1º trimestre, porém modesta. O governo falava em alta próxima de 1%, sobre o 4º trimestre de 2011 (ou cerca de 4% ao ano); no entanto, na LCA estimamos que o crescimento tenha se limitado a 0,5% (perto de 2% ao ano).

Um dos elementos que limitaram a retomada foi o desempenho ainda débil da produção industrial.

Além da desaceleração do consumo de duráveis e dos investimentos, vêm debilitando o setor a perda de impulso de suas exportações (reforçada pela queda das vendas à Argentina, induzida por medidas protecionistas) e a crescente penetração dos importados no mercado de manufaturas (estancada recentemente por medidas que "fecharam" alguns mercados).

Os dados mais recentes não dão motivo para alívio. Com retração em 18 de 27 setores, a produção industrial caiu 0,5% de fevereiro para março, contrariando a expectativa de alta de 1% ou mais.

Os números já conhecidos de abril também são preocupantes: os licenciamentos de carros e os de caminhões e ônibus despencaram (- 8,3% e -18,4% sobre março, descontada a sazonalidade); e a FGV apurou que muitos segmentos da indústria ainda se viam às voltas com estoques indesejados.

Uma aceleração adicional do PIB a partir do 2º trimestre demandará uma expansão mais firme do crédito. As autoridades têm se mobilizado nessa direção, mas o efeito das suas iniciativas ainda é incerto. Novos cortes da taxa de juros básica (Selic) certamente estão a caminho.

FERNANDO SAMPAIO, economista, é sócio-diretor da LCA Consultores.

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