Exame confirma câncer, e Jefferson fará quimioterapia

Um boletim médico divulgado ontem pelo hospital Samaritano do Rio confirmou que era maligno o tumor retirado do pâncreas do ex-deputado Roberto Jefferson, 59, no último sábado.

Com isso, o presidente nacional do PTB precisará se submeter a tratamento contra o câncer. Sua assessoria informou que ele terá que fazer quimioterapia.

De acordo com os médicos, a doença está em estágio inicial -o foco maligno, inferior a 2 centímetros, não chegou a atingir os gânglios.

Jefferson teve o tumor retirado em uma operação de oito horas, na qual perdeu parte do estômago, do pâncreas, do duodeno e do canal biliar.

Na ocasião, os médicos também desfizeram a cirurgia bariátrica a que o petebista se submeteu há 12 anos para reduzir o estômago.

Segundo o boletim hospitalar, não ocorreram complicações após a operação de sábado, e a medicação já foi suspensa.

Jefferson está lúcido e respira sem ajuda de aparelhos, mas ainda se alimenta por uma sonda e não tem previsão de alta.

Um dos 38 réus do processo do mensalão, o ex-deputado teve a doença diagnosticada às vésperas do início do julgamento no STF (Supremo Tribunal Federal), marcado para hoje às 14h.

PRESSÃO

Em entrevista à Folha na semana passada, ele atribuiu o tumor à pressão que sofreu depois de denunciar o esquema de corrupção em entrevista ao jornal, em 2005.

"Isso é pressão, é pau. Foi um para-choque meu. Tensão, pressão, sofrimento. Tem um lugar em que explode. Eu somatizei", disse.

"Não é consequência do julgamento, é a briga toda. As pressões todas do processo, a cassação, a luta."

O ex-deputado, que responde pelas supostas práticas de corrupção passiva e lavagem de dinheiro, admite ter recebido R$ 4 milhões do esquema montado por Marcos Valério, acusado de operar o mensalão para o PT.

Ele diz ser inocente e sustenta que o dinheiro foi repassado para saldar dívidas eleitorais do PTB contraídas na campanha de 2004.