Índice geral Poder
Poder
Texto Anterior | Próximo Texto | Índice | Comunicar Erros

Íntegra

'O sentimento de injustiça dói demais', diz Rabello

DE SÃO PAULO

Leia a íntegra da carta de Kátia Rabello.

-

Caros amigos,

A semana passada estive muito mal. O cansaço e a desesperança se abateram sobre mim. Sei do risco que corro e é claro que sinto medo. Mas descobri que não é o medo que me derruba. Nesses últimos quase dez anos, desde a morte do Zé Augusto, vivi momentos terríveis.

Por muitas vezes me deixei abater, não por covardia, mas por temer que tudo o que eu fizesse, e por mais que me esforçasse para fazer o certo, fosse insuficiente perante as situações que a vida me trazia. Essa sensação de impotência é que nos faz perder a razão de viver. Sim, porque ninguém, em sã consciência, pode querer viver só por "diversão". A vida é dura demais...

Mas Deus é bom e nunca nos abandona. Frases de consolo e apoio como as de vocês, chegam a mim a toda hora e recarregam as baterias da fé.

O sentimento de injustiça dói demais, e nessa vida não temos a escolha de sermos ou não injustiçados. Temos, porém, o livre-arbítrio que nos permite a escolha de sermos ou não injustos... E cada um é obrigado a conviver com a consciência de seus atos. Lá no fundo, cada um de nós sabe o que fez e o que não fez... Por isso estou em paz.

Nos piores momentos do banco em 2004 e 2005, fiquei em desespero. Passei pelas mortes da minha irmã, do Zé Augusto, e finalmente a morte do meu pai, que sinceramente não tive como chorar, pois aconteceu entre as crises do Banco Santos e do mensalão. O pior de tudo foi o pânico que eu tinha de causar prejuízo a quem confiou em mim.

Felizmente, pude honrar todos os compromissos assumidos, e o banco seguiu em frente. As pessoas que se foram continuam presentes em nossas vidas através do nosso amor e dos princípios e valores que nos ensinaram.

Sofro muito pelos meus colegas. Sei o quanto é absurdo eles serem envolvidos nessa história, mas a verdade às vezes é inconveniente...

Apesar disso, temos que ser fortes e continuar lutando pelo que sabemos ser o certo.

Obrigada por todas as orações e pelo carinho que tenho recebido.

Abraços, Kátia

Texto Anterior | Próximo Texto | Índice | Comunicar Erros


Copyright Empresa Folha da Manhã S/A. Todos os direitos reservados. É proibida a reprodução do conteúdo desta página em qualquer meio de comunicação, eletrônico ou impresso, sem autorização escrita da Folhapress.