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ESPECIAL/ELEIÇÕES 2012

Queda de Russomanno abre crise na campanha

Principal aliado, PTB cobra programa de governo e troca de marqueteiro

Intervenção é esperada caso candidato vá ao segundo turno; alas do PT também criticam marketing de Haddad

CATIA SEABRA
BERNARDO MELLO FRANCO
DIÓGENES CAMPANHA
DE SÃO PAULO

A queda registrada desde a semana passada pelo Datafolha abriu uma crise no comando da campanha de Celso Russomanno (PRB) à Prefeitura de São Paulo. Às vésperas da eleição, o partido do candidato e seu principal aliado, o PTB, divergem sobre a estratégia na reta final.

O comando da campanha sofrerá intervenção na segunda-feira caso Russomanno passe para o segundo turno. Entre os alvos está o marqueteiro Ricardo Bérgamo, que deverá ser substituído.

O candidato, que era líder isolado da disputa, perdeu 10 pontos percentuais em duas semanas, caindo de 35% para 25% das intenções de voto, e voltou a ficar em empate técnico com José Serra (PSDB), que tem 23%.

O presidente estadual do PTB, Campos Machado, defendeu abertamente a troca de Bérgamo pelo publicitário Agnelo Pacheco. A intervenção irritou o candidato.

Aliados de Russomanno reclamaram da atuação dos petebistas, que sugerem mudanças na agenda e escalaram um "time de notáveis" para criar um programa de governo, principal fonte de críticas ao candidato.

Petebistas se queixam, por sua vez, da defesa do candidato feita pelo bispo Edir Macedo num momento em que sua vinculação com a Igreja Universal do Reino de Deus é alvo de contestação.

O PTB pressiona para emplacar um novo coordenador de programa: Murilo Celso de Campos Pinheiro, presidente do Sindicato dos Engenheiros e primo de Campos, ou o advogado Fernando Pinheiro Pedro. O ministro da Pesca, Marcelo Crivella (PRB), indicou o professor Istvan Karoly Kasznar.

Campos Machado insiste para que Russomanno faça carreatas em vez de corpo a corpo com eleitores. Disse temer a ação de "perguntadores profissionais" para constranger o candidato. O PRB prega que ele mantenha o estilo de contato com o povo.

Além das turbulências na cúpula, Russomanno enfrenta problemas também na base de sua campanha.

Na tarde de ontem um grupo com cerca de 20 cabos eleitorais contratados fez um protesto em frente ao comitê central reclamando falta de pagamento. Eles acabaram recebendo um cheque cada um. Procurada, a campanha disse que não houve atraso.

TENSÃO NO PT

A indefinição do cenário eleitoral também produziu abalos no comando da campanha de Fernando Haddad (PT), que está com 19% no Datafolha, em situação de empate técnico com Serra.

Integrantes do comitê eleitoral e da cúpula petista criticam o publicitário João Santana. Na avaliação desse grupo, ele errou ao postergar o que chamam de desconstrução de Russomanno.

A opinião é compartilhada pela vice de Haddad, Nádia Campeão (PC do B).

"A gente podia ter começado a bater no Russomanno dez dias antes. Ficaram dizendo que ele ia cair sozinho com a TV, mas isso não aconteceu", diz ela. "Acho que demoramos demais, mas acredito que isso não nos impedirá de ir ao segundo turno."

Em reunião na segunda-feira à noite, deputados federais do PT fizeram queixas ao coordenador da campanha, vereador Antonio Donato. Convidado para um jantar com o presidente da Câmara, Marco Maia (PT-RS), ele teve de ouvir críticas a Santana.

Integrantes da cúpula do PT dizem que sugeriram uma mudança de estratégia há cerca de um mês, para tornar a propaganda mais agressiva, mas não foram atendidos.

Para Donato, as críticas são precipitadas. "Fazer balanço antes da eleição não contribui para a vitória. Todo mundo demorou a bater no Russomanno porque essa decisão envolvia riscos", argumenta o coordenador.

Ele diz que o rival do PRB tinha baixo índice de rejeição, o que poderia tornar os ataques contraproducentes.

O candidato do PSDB, José Serra, passou por turbulência semelhante há um mês, após sofrer queda vertiginosa nas pesquisas. Ontem ele se valeu do julgamento do ex-ministro José Dirceu no Supremo Tribunal Federal, dizendo que "é o momento de discutir princípios".

Colaboraram DANIEL RONCAGLIA e DANIELA LIMA, de São Paulo

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