São Paulo, sábado, 02 de outubro de 2010

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Genro de ministro atuou para ex-senador

Em vídeo, advogado diz ter cobrado R$ 4,5 mi de candidato; Ayres Britto ficou impedido de atuar em dois casos

Ministro diz que não tem nenhuma relação com negócios do genro; Borges e Expedito Jr. negaram o pagamento

MATHEUS LEITÃO
FERNANDA ODILLA
FELIPE SELIGMAN

DE BRASÍLIA

Em negociação gravada pelo ex-governador do Distrito Federal Joaquim Roriz, o genro do ministro do Supremo Tribunal Federal Carlos Ayres Britto diz ter cobrado R$ 4,5 milhões em honorários para defender outro político barrado pela Lei da Ficha Limpa: Expedito Júnior (PSDB), senador cassado por compra de votos e candidato ao governo de Rondônia.
O advogado Adriano Borges- que é sócio e mora sem união formal com a filha do ministro, Adriele- usou o caso de Expedito Júnior como parâmetro de preço para defender Roriz.
O ex-governador gravou negociação frustrada para manter como seu advogado o genro do ministro e, assim, impedi-lo de julgar o caso da Lei da Ficha Limpa que terminou empatado em 5 a 5.
Se o genro permanecesse na causa em que atuou por três dias, Britto teria de se declarar impedido- o que aumentaria as chances de Roriz não ter sua ex-candidatura ao governo do DF barrada.
O contrato não foi firmado, e Britto votou contra Roriz. O ministro diz que "sua história fala por si" e que nada tem a ver com negócios do genro.
Se tivesse dado certo, contudo, não seria a primeira vez que Borges seria empecilho para o sogro votar. No caso de Expedito Júnior, Britto alegou impedimento duas vezes: no STF e no TSE (Tribunal Superior Eleitoral).
No ano passado, Britto foi sorteado relator de um inquérito no Supremo que investiga Expedito. Uma semana depois, Borges entrou na causa e obrigou o ministro a se declarar impedido.
Para atuar na Justiça Eleitoral, Borges foi contratado em 2006, quando o tucano foi acusado de comprar votos para se eleger senador em Rondônia. No ano passado, ele foi cassado pelo TSE em julgamento que não contou com a presença Ayres Britto, impedido de votar.
Na tentativa de estipular um preço para defender Roriz, Borges afirma ter cobrado R$ 4,5 milhões do cliente de Rondônia. "Eu estou trabalhando [para] o Expedito Júnior, o pró-labore foi cobrado um milhão e meio e três no êxito, né", disse.
Ontem, Borges e Expedito, por meio de suas assessorias, negaram o pagamento de R$ 4,5 milhões. Alegando confidencialidade, não revelaram o preço pago. O genro do ministro do STF também é um dos advogados de Expedito no caso da Ficha Limpa.
Em agosto, Borges e a mulher Adriele entraram para a lista de advogados que defendem pelo menos cinco dos oito magistrados suspeitos de desvio de cerca de R$ 1,4 milhão do Tribunal de Justiça do Mato Grosso.
Eles foram aposentados pelo Conselho Nacional de Justiça e recorreram da decisão no STF. Assim, teoricamente, Britto deverá se declarar novamente impedido.


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