|
Texto Anterior | Próximo Texto | Índice | Comunicar Erros
Genro de ministro atuou para ex-senador
Em vídeo, advogado diz ter cobrado R$ 4,5 mi de candidato; Ayres Britto ficou impedido de atuar em dois casos
Ministro diz que não tem nenhuma relação com negócios do genro; Borges e Expedito Jr. negaram o pagamento
MATHEUS LEITÃO
FERNANDA ODILLA
FELIPE SELIGMAN
DE BRASÍLIA
Em negociação gravada
pelo ex-governador do Distrito Federal Joaquim Roriz, o
genro do ministro do Supremo Tribunal Federal Carlos
Ayres Britto diz ter cobrado
R$ 4,5 milhões em honorários para defender outro político barrado pela Lei da Ficha
Limpa: Expedito Júnior
(PSDB), senador cassado por
compra de votos e candidato
ao governo de Rondônia.
O advogado Adriano Borges- que é sócio e mora sem
união formal com a filha do
ministro, Adriele- usou o caso de Expedito Júnior como
parâmetro de preço para defender Roriz.
O ex-governador gravou
negociação frustrada para
manter como seu advogado o
genro do ministro e, assim,
impedi-lo de julgar o caso da
Lei da Ficha Limpa que terminou empatado em 5 a 5.
Se o genro permanecesse
na causa em que atuou por
três dias, Britto teria de se declarar impedido- o que aumentaria as chances de Roriz
não ter sua ex-candidatura
ao governo do DF barrada.
O contrato não foi firmado,
e Britto votou contra Roriz. O
ministro diz que "sua história fala por si" e que nada tem
a ver com negócios do genro.
Se tivesse dado certo, contudo, não seria a primeira vez
que Borges seria empecilho
para o sogro votar. No caso
de Expedito Júnior, Britto
alegou impedimento duas
vezes: no STF e no TSE (Tribunal Superior Eleitoral).
No ano passado, Britto foi
sorteado relator de um inquérito no Supremo que investiga Expedito. Uma semana depois, Borges entrou na
causa e obrigou o ministro a
se declarar impedido.
Para atuar na Justiça Eleitoral, Borges foi contratado
em 2006, quando o tucano
foi acusado de comprar votos
para se eleger senador em
Rondônia. No ano passado,
ele foi cassado pelo TSE em
julgamento que não contou
com a presença Ayres Britto,
impedido de votar.
Na tentativa de estipular
um preço para defender Roriz, Borges afirma ter cobrado
R$ 4,5 milhões do cliente de
Rondônia. "Eu estou trabalhando [para] o Expedito Júnior, o pró-labore foi cobrado
um milhão e meio e três no
êxito, né", disse.
Ontem, Borges e Expedito,
por meio de suas assessorias,
negaram o pagamento de R$
4,5 milhões. Alegando confidencialidade, não revelaram
o preço pago. O genro do ministro do STF também é um
dos advogados de Expedito
no caso da Ficha Limpa.
Em agosto, Borges e a mulher Adriele entraram para a
lista de advogados que defendem pelo menos cinco
dos oito magistrados suspeitos de desvio de cerca de R$
1,4 milhão do Tribunal de
Justiça do Mato Grosso.
Eles foram aposentados
pelo Conselho Nacional de
Justiça e recorreram da decisão no STF. Assim, teoricamente, Britto deverá se declarar novamente impedido.
Texto Anterior: Manaus: Sindicalista é morto em porta de fábrica durante panfletagem no AM Próximo Texto: STF pede que PGR investigue caso de Roriz Índice | Comunicar Erros
|