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Vice financiou quase metade da campanha do PV
FERNANDA ODILLA
FELIPE SELIGMAN
FILIPE COUTINHO
DE BRASÍLIA
O candidato a vice na chapa de Marina Silva (PV), Guilherme Leal, bancou quase
metade dos R$ 24,9 milhões
gastos na campanha da terceira colocada na eleição.
Em 22 doações distintas, o
empresário, proprietário da
rede de cosméticos Natura,
repassou R$ 11,8 milhões, o
equivalente a 47,5% do que
arrecadou a candidata verde.
Ao todo, sua campanha recebeu 3.098 depósitos, sendo 2.831 via cartão de crédito
-pagamento feito diretamente por simpatizantes de
sua candidatura.
Apesar da quantidade, essas doações de pessoas físicas somam R$ 169 mil, ou
0,6% do total.
No início da campanha
eleitoral, Marina Silva planejava gastar até R$ 90 milhões, mas o valor acabou
sendo pouco mais de um
quarto do registrado no TSE
(Tribunal Superior Eleitoral).
As contas da candidata
passarão por análise de técnicos e depois serão julgadas
pela Justiça Eleitoral. Os dados da petista Dilma Rousseff
e do tucano José Serra poderão ser entregues até o dia 30
de novembro, já que suas
campanhas terminaram somente na semana passada.
DOAÇÕES OCULTAS
Ontem, também chegaram
as prestações de cinco governadores eleitos: Geraldo
Alckmin (PSDB-SP), Jaques
Wagner (PT-BA), Beto Richa
(PSDB-PR), Sérgio Cabral
(PMDB-RJ) e André Puccinelli (PMDB-MS).
As contas deles revelam
que os comitês eleitorais e diretórios partidários são os
maiores doadores.
A prática, conhecida como
doação oculta, tem como objetivo desvincular os doadores e as campanhas e funciona da seguinte maneira: a
empresa faz o depósito em
uma conta geral e esse recurso é repassado ao candidato,
impossibilitando que a origem seja identificada.
Juntos, receberam R$ 129
milhões, sendo 21,1% (ou R$
27,3 milhões) em doações
ocultas. No total, foram mais
de 6.000 depósitos de comitês ou diretórios partidários.
Em números absolutos, foi
Alckmin quem recebeu o
maior valor em doações ocultas: R$ 9,6 milhões. Proporcionalmente, porém, o campeão é o novo governador do
Paraná, Beto Richa, com 29%
do total arrecadado.
A assessoria de Richa informou que há doadores que
preferem colaborar com o
partido a repassar recursos
direto para o candidato. Esclareceu que as doações foram feitas como prevê a legislação e que os diretórios também prestam contas.
A assessoria de Alckmin
não quis comentar. A de Jaques Wagner informou que
as doações foram todas legais, mas não encontrou nenhum tesoureiro da campanha para explicar a opção pela doação por meio do comitê
único. A Folha não localizou
os responsáveis pela contabilidade de Puccinelli.
A assessoria de Sérgio Cabral esclareceu que o doador
pode fazer repasses para o
partido ou o candidato, respeitando as restrições legais.
"A campanha não fez qualquer solicitação para direcionar doações para comitê ou
candidato, cabendo ao doador a livre escolha."
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