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Ofício de Erenice ajuda empresa ligada ao marido
Documento enviado à Anatel defende medidas que beneficiam a Unicel
Na agência de telecomunicações houve estranheza devido ao carimbo
de "confidencial"
ELVIRA LOBATO
DO RIO
ANDREZA MATAIS
DE BRASÍLIA
Então secretária-executiva
da Casa Civil, Erenice Guerra
enviou para a Anatel (Agência Nacional de Telecomunicações) ofício confidencial
em que defendeu medidas
para o Plano Nacional de
Banda Larga que beneficiam
a Unicel, uma empresa ligada ao marido dela.
O documento, ao qual a
Folha teve acesso, foi encaminhado em 30 de março
deste ano ao presidente da
agência, Ronaldo Sardenberg, com prazo de seis dias
para resposta. A intenção era
que as medidas entrassem
em vigor já em 2010.
Na época, Erenice era braço direito da ministra Dilma
Rousseff na Casa Civil.
A Folha apurou que na
Anatel houve estranheza pelo fato de o documento ter recebido o carimbo de "confidencial", uma vez que algumas das medidas defendidas
já estão em discussão pública pela agência.
Entre as ações defendidas
no documento como prioritárias estão o leilão da faixa de
450 MHz, que possibilitará a
oferta de banda larga na zona rural, e a permissão para
que empresas de telefonia
móvel sem frequências próprias prestem o serviço alugando capacidade ociosa das
grandes operadoras, como
ocorre na Europa e nos EUA.
As ações propostas valorizarão a Unicel por dois motivos. A empresa tem uma operadora de telefonia celular
em São Paulo, chamada
Aeiou, com grande ociosidade na rede, e poderá alugar
infraestrutura para quem
não tem frequência própria.
Além disso, a Unicel está
prestes a receber uma licença
nacional para oferecer serviços de voz e banda larga na
faixa de 411 MHz, que lhe permitiria oferecer o mesmo pacote da faixa de 450 MHz
(banda larga no meio rural).
Conforme técnicos da
Anatel ouvidos pela reportagem, a empresa estaria preparada para entrar no mercado antes das outras.
Em novembro do ano passado, já se planejando para
isso, a Unicel fez uma cisão e
criou a empresa Banda Larga
do Brasil para explorar esse
serviço na faixa de 411 MHz.
O suposto tráfico de influência para beneficiar a
Unicel é um dos focos da investigação da Polícia Federal
sobre a atuação de um grupo
de lobby na Casa Civil. A PF
já ouviu o marido de Erenice
sobre o assunto.
O ofício assinado por Erenice é acompanhado de uma
nota técnica assinada por Gabriel Laender e Artur Coimbra de Oliveira.
Coordenador da área de
regulação do plano de banda
larga, Laender trabalhou como advogado da Unicel antes de ser nomeado para o governo. A Folha revelou, semana passada, que o computador dele foi acessado várias
vezes com a senha de Vinícius Castro, sócio do filho de
Erenice na empresa de lobby.
Na época, Laender era lotado na SAE (Secretaria de
Assuntos Estratégicos). Depois disso, Erenice o levou
para a Casa Civil, onde está
até hoje. A PF também já tomou o depoimento dele.
Oliveira assina o documento como assessor do gabinete pessoal do presidente
da República. Antes de entrar para o governo, ele trabalhou com Laender no mesmo
escritório de advocacia que
defendeu a Unicel.
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