São Paulo, sexta-feira, 04 de junho de 2010

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Ex-governador pediu desculpas para concorrer

CATIA SEABRA
DE SÃO PAULO

Apesar de representar a mais sólida possibilidade de poder para o PSDB, o pré-candidato Geraldo Alckmin exercita calculada resignação na corrida pelo governo de São Paulo.
Líder isolado nas pesquisas, Alckmin seguiu um roteiro disciplinado para obter na sigla a indicação para tentar a volta ao governo.
Para apagar as marcas de 2008, quando foi derrotado pelo prefeito Gilberto Kassab na eleição municipal, Alckmin distribuiu pedidos de desculpas, se submeteu a conversas constrangedoras e esperou, ansioso, a decisão de José Serra de disputar a Presidência.
Na montagem de sua equipe, concordou com a contratação dos principais colaboradores da campanha de Kassab. Entre eles, os jornalistas Luiz Gonzalez e Roger Ferreira, ambos na trincheira rival em 2008.
Afastado de Alckmin desde a derrota presidencial de 2006, Gonzalez assinará a campanha, mas o responsável pela comunicação será o jornalista Woile Guimarães -que ajudou na redação do discurso da pré-candidatura de Alckmin, em maio.
Mas não foi por humildade que Alckmin aceitou negociar até o nome do coordenador de sua campanha, Sidney Beraldo.
Colecionando desafetos desde as campanhas de 2006 e 2008, o ex-governador não tem equipe -nem mesmo para arrecadação. E depende da estrutura de Serra, sempre cercado de fiéis colaboradores.
Seus gestos de reconciliação também seguem um ambicioso roteiro político. Ao se reaproximar do ex-governador Orestes Quércia, Alckmin pavimentou sua aproximação ao PMDB, até então um dos pilares da candidatura de Aloysio Nunes Ferreira ao governo.
Alckmin conversou também o governador Alberto Goldman, cujo apoio é fundamental ao longo da campanha. Recentemente, procurou Kassab, a quem chamou de dissimulado no calor da disputa de 2008.
Após afirmar que o episódio está superado, Kassab ofereceu a Alckmin almoço com a bancada do DEM.

ESPERA
A trajetória de Alckmin é marcada por longas esperas. Até para o anúncio da data de sua pré-candidatura foi estabelecido um cronograma que levava em conta a data ideal para a exposição de Serra. No lançamento, ao qual chegou de van, às 10h06, foi obrigado a esperar por duas horas o início da cerimônia.
A paciência pode ser recompensada. Se eleito governador, Alckmin se transformará na mais forte opção do PSDB à Presidência, especialmente se Aécio Neves (MG) não ocupar a vice de Serra -posição que mantém até o momento.
Alckmin será cotado para a sucessão de Serra mesmo se o tucano vencer sem Aécio na chapa. Em caso de vitória da petista Dilma Rousseff, Alckmin será, a partir de São Paulo, o principal porta-voz da oposição.


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