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Agente de Yeda que acessou dado de petista é preso no RS
Sargento atuava na segurança da governadora; ele ainda não foi ouvido
Entre os investigados estão o candidato ao governo do Estado Tarso Genro (PT) e o senador Sérgio Zambiasi (PTB)
ANA FLOR
ENVIADA ESPECIAL A PORTO ALEGRE
JEAN-PHILIP STRUCK
DE SÃO PAULO
O Ministério Público do
Rio Grande do Sul deflagrou
ontem uma operação que levou à prisão de um sargento
lotado na Casa Militar do Governo do Estado. Ele usava
uma senha funcional para
acessar ilegalmente dados sigilosos de políticos e candidatos gaúchos.
César Rodrigues de Carvalho, que atuava como agente
de inteligência na segurança
da governadora Yeda Crusius
(PSDB), foi preso sob acusação de receber propina de
contraventores que exploram caça-níqueis.
Segundo o promotor Amilcar Fagundes Macedo, da
Promotoria de Justiça Criminal de Canoas, durante as investigações se descobriu que
Carvalho fez mais de 1.200
consultas ao Sistema de Informações Integradas do Estado com senha sigilosa.
Entre os investigados pelo
militar estão, segundo a Folha apurou, o ex-ministro da
Justiça e candidato ao governo Tarso Genro (PT), o senador Sérgio Zambiasi (PTB),
diretórios políticos do PT e
um oficial da Aeronáutica.
"Isso pode ser usado para
muitas finalidades e para arrancar vantagens. Ainda não
sabemos exatamente por
que ele acessou. A investigação é técnica, mas não se pode ignorar que é um período
de eleições", disse Macedo.
Segundo o promotor, o
sistema inclui processos criminais, endereços, telefones, registro de porte de armas e dados sobre veículos.
Ainda não se sabe se o militar acessou processos judiciais sob sigilo de Justiça.
As investigações começaram há três meses. A prisão
de Carvalho foi pedida em 25
de agosto. Segundo o promotor, o sargento estava realizando uma contra-inteligência com seu acesso aos dados, acompanhando as investigações sobre ele.
TERCEIROS
Ele afirma que as investigações levam a crer que o sargento recolhia informações a
mando de terceiros. "Não
acredito que ele fizesse isso
por sua livre vontade."
A Promotoria afirma ainda
que Carvalho informava aos
contraventores as datas das
operações que seriam realizadas para apreender caça-níqueis. Diz também que o
sargento usava carros da Casa Militar para coletar dinheiro dos contraventores.
O secretário de Transparência do Rio Grande do Sul,
Francisco Luçardo, diz considerar os fatos graves e que o
governo está cooperando
com a investigações e "quer
ver os fatos esclarecidos".
Luçardo afirma que o ato
que nomeou Carvalho para a
secretaria vai ser revogado e
ele será exonerado. Ele estava no cargo desde 2009 e
acessou dados regularmente
até a semana passada.
Tarso e Zambiasi não quiseram se manifestar. A Brigada Militar afirmou que, como
Carvalho estava lotado na
Casa Militar, só pretende se
pronunciar após a conclusão
do inquérito. O sargento ainda não foi ouvido.
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