São Paulo, sábado, 04 de setembro de 2010

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Agente de Yeda que acessou dado de petista é preso no RS

Sargento atuava na segurança da governadora; ele ainda não foi ouvido

Entre os investigados estão o candidato ao governo do Estado Tarso Genro (PT) e o senador Sérgio Zambiasi (PTB)


ANA FLOR
ENVIADA ESPECIAL A PORTO ALEGRE
JEAN-PHILIP STRUCK
DE SÃO PAULO

O Ministério Público do Rio Grande do Sul deflagrou ontem uma operação que levou à prisão de um sargento lotado na Casa Militar do Governo do Estado. Ele usava uma senha funcional para acessar ilegalmente dados sigilosos de políticos e candidatos gaúchos.
César Rodrigues de Carvalho, que atuava como agente de inteligência na segurança da governadora Yeda Crusius (PSDB), foi preso sob acusação de receber propina de contraventores que exploram caça-níqueis.
Segundo o promotor Amilcar Fagundes Macedo, da Promotoria de Justiça Criminal de Canoas, durante as investigações se descobriu que Carvalho fez mais de 1.200 consultas ao Sistema de Informações Integradas do Estado com senha sigilosa.
Entre os investigados pelo militar estão, segundo a Folha apurou, o ex-ministro da Justiça e candidato ao governo Tarso Genro (PT), o senador Sérgio Zambiasi (PTB), diretórios políticos do PT e um oficial da Aeronáutica.
"Isso pode ser usado para muitas finalidades e para arrancar vantagens. Ainda não sabemos exatamente por que ele acessou. A investigação é técnica, mas não se pode ignorar que é um período de eleições", disse Macedo.
Segundo o promotor, o sistema inclui processos criminais, endereços, telefones, registro de porte de armas e dados sobre veículos. Ainda não se sabe se o militar acessou processos judiciais sob sigilo de Justiça.
As investigações começaram há três meses. A prisão de Carvalho foi pedida em 25 de agosto. Segundo o promotor, o sargento estava realizando uma contra-inteligência com seu acesso aos dados, acompanhando as investigações sobre ele.

TERCEIROS
Ele afirma que as investigações levam a crer que o sargento recolhia informações a mando de terceiros. "Não acredito que ele fizesse isso por sua livre vontade."
A Promotoria afirma ainda que Carvalho informava aos contraventores as datas das operações que seriam realizadas para apreender caça-níqueis. Diz também que o sargento usava carros da Casa Militar para coletar dinheiro dos contraventores.
O secretário de Transparência do Rio Grande do Sul, Francisco Luçardo, diz considerar os fatos graves e que o governo está cooperando com a investigações e "quer ver os fatos esclarecidos".
Luçardo afirma que o ato que nomeou Carvalho para a secretaria vai ser revogado e ele será exonerado. Ele estava no cargo desde 2009 e acessou dados regularmente até a semana passada.
Tarso e Zambiasi não quiseram se manifestar. A Brigada Militar afirmou que, como Carvalho estava lotado na Casa Militar, só pretende se pronunciar após a conclusão do inquérito. O sargento ainda não foi ouvido.


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