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Dourados deve poupar R$ 4 mi já em outubro, diz interventor
Até quinta, TJ deve colocar prefeitura nas mãos da presidente da Câmara, filiada ao PMDB
Prefeito foi afastado há um mês sob acusação de comandar esquema de corrupção que envolvia secretários e vereadores
RODRIGO VARGAS
DE CUIABÁ
Funcionários fantasmas e
"marajás" em cargos de confiança consumiam R$ 4 milhões mensais dos cofres da
Prefeitura de Dourados (250
km de Campo Grande).
O valor é a estimativa da
economia que será feita na
folha de pagamento de outubro, após uma varredura
conduzida pelo juiz Eduardo
Machado Rocha, 53, prefeito
interino da cidade.
"Era um absurdo: fantasmas e pessoas que ocupavam
cargos comissionados com
salários altíssimos... Demitimos todos aqueles funcionários que não trabalhavam",
afirmou o juiz.
Machado Rocha tomou
posse há exatamente um
mês, em substituição ao prefeito Ari Artuzi (sem partido).
Artuzi foi preso e afastado
do cargo sob suspeita de chefiar um suposto esquema de
corrupção que envolvia secretários municipais, empreiteiros e a cúpula da Câmara Municipal.
CAOS
"Quando assumi o cargo, o
cenário era de caos total. O
prefeito e os secretários que
estavam mancomunados
com ele só pensavam em tirar
proveito próprio, em detrimento do município", declarou Machado Rocha.
O juiz comparou a Prefeitura de Dourados a um "caminhão atolado".
A situação era "precária",
de acordo com ele, até mesmo no escritório que era ocupado por Artuzi.
"O gabinete tinha infiltrações de água, buraco no teto
e até um sofá rasgado. Pelo
gabinete, você pode imaginar o que era o restante do
município", disse.
Quando tomou posse, em
entrevista à Folha, o juiz
qualificou a experiência como "difícil, inteiramente nova" e disse que não havia tido
tempo para se preparar.
Agora, porém, afirma que
"não é difícil ser um administrador público".
"Você tem de escolher secretários certos, honestos e
competentes para cada pasta. Foi isso que fiz. Selecionei
pessoas técnicas, da minha
inteira confiança."
Em 30 dias, segundo Machado Rocha, "todas as secretarias estão andando".
"Estamos com um trabalho
intenso. Reformamos escolas
que estavam praticamente
destruídas, amenizamos o
caos na saúde e vamos recuperar a malha urbana."
Machado Rocha não rescindiu contratos que, segundo as investigações da Polícia Federal, eram as fontes
principais do "mensalão" pago por Artuzi a vereadores.
É o caso dos convênios
com o Hospital Evangélico e
com as empresas concessionárias de serviços de coleta
de lixo, transporte público e
transporte escolar.
Segundo ele, os serviços
são essenciais e os contratos
não podem ser rompidos
"unilateralmente".
"Temos que aguardar um
posicionamento judicial a
respeito desses contratos. Só
então poderemos colocar outras empresas, ou rever valores, como já temos feito."
Sobre sua permanência no
cargo, o juiz diz que esta semana é decisiva. "Na quarta
ou na quinta, o Tribunal de
Justiça apresentará uma solução, provavelmente no
sentido de a presidente da
Câmara [a vereadora Délia
Razuk, do PMDB] assumir."
Apesar de se dizer "satisfeito" com a experiência como administrador, o juiz negou a possibilidade de uma
mudança de rumos em sua
carreira. "Não tenho nenhuma pretensão na política."
O advogado Carlos Marques, que representa o prefeito Ari Artuzi, não quis se
manifestar em relação às afirmações do prefeito interino.
Em entrevistas anteriores,
negou que Artuzi tenha envolvimento no esquema.
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