São Paulo, segunda-feira, 04 de outubro de 2010

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Dourados deve poupar R$ 4 mi já em outubro, diz interventor

Até quinta, TJ deve colocar prefeitura nas mãos da presidente da Câmara, filiada ao PMDB

Prefeito foi afastado há um mês sob acusação de comandar esquema de corrupção que envolvia secretários e vereadores

RODRIGO VARGAS
DE CUIABÁ

Funcionários fantasmas e "marajás" em cargos de confiança consumiam R$ 4 milhões mensais dos cofres da Prefeitura de Dourados (250 km de Campo Grande).
O valor é a estimativa da economia que será feita na folha de pagamento de outubro, após uma varredura conduzida pelo juiz Eduardo Machado Rocha, 53, prefeito interino da cidade.
"Era um absurdo: fantasmas e pessoas que ocupavam cargos comissionados com salários altíssimos... Demitimos todos aqueles funcionários que não trabalhavam", afirmou o juiz.
Machado Rocha tomou posse há exatamente um mês, em substituição ao prefeito Ari Artuzi (sem partido).
Artuzi foi preso e afastado do cargo sob suspeita de chefiar um suposto esquema de corrupção que envolvia secretários municipais, empreiteiros e a cúpula da Câmara Municipal.

CAOS
"Quando assumi o cargo, o cenário era de caos total. O prefeito e os secretários que estavam mancomunados com ele só pensavam em tirar proveito próprio, em detrimento do município", declarou Machado Rocha.
O juiz comparou a Prefeitura de Dourados a um "caminhão atolado".
A situação era "precária", de acordo com ele, até mesmo no escritório que era ocupado por Artuzi.
"O gabinete tinha infiltrações de água, buraco no teto e até um sofá rasgado. Pelo gabinete, você pode imaginar o que era o restante do município", disse.
Quando tomou posse, em entrevista à Folha, o juiz qualificou a experiência como "difícil, inteiramente nova" e disse que não havia tido tempo para se preparar.
Agora, porém, afirma que "não é difícil ser um administrador público".
"Você tem de escolher secretários certos, honestos e competentes para cada pasta. Foi isso que fiz. Selecionei pessoas técnicas, da minha inteira confiança."
Em 30 dias, segundo Machado Rocha, "todas as secretarias estão andando". "Estamos com um trabalho intenso. Reformamos escolas que estavam praticamente destruídas, amenizamos o caos na saúde e vamos recuperar a malha urbana."
Machado Rocha não rescindiu contratos que, segundo as investigações da Polícia Federal, eram as fontes principais do "mensalão" pago por Artuzi a vereadores.
É o caso dos convênios com o Hospital Evangélico e com as empresas concessionárias de serviços de coleta de lixo, transporte público e transporte escolar.
Segundo ele, os serviços são essenciais e os contratos não podem ser rompidos "unilateralmente".
"Temos que aguardar um posicionamento judicial a respeito desses contratos. Só então poderemos colocar outras empresas, ou rever valores, como já temos feito."
Sobre sua permanência no cargo, o juiz diz que esta semana é decisiva. "Na quarta ou na quinta, o Tribunal de Justiça apresentará uma solução, provavelmente no sentido de a presidente da Câmara [a vereadora Délia Razuk, do PMDB] assumir."
Apesar de se dizer "satisfeito" com a experiência como administrador, o juiz negou a possibilidade de uma mudança de rumos em sua carreira. "Não tenho nenhuma pretensão na política."
O advogado Carlos Marques, que representa o prefeito Ari Artuzi, não quis se manifestar em relação às afirmações do prefeito interino. Em entrevistas anteriores, negou que Artuzi tenha envolvimento no esquema.


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