São Paulo, terça-feira, 05 de outubro de 2010

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MAURO PAULINO

Para que servem as pesquisas?


Não fossem as pesquisas públicas, informações cruciais da eleição seriam exclusivas dos partidos

A REALIZAÇÃO do segundo turno entre Dilma e Serra não surpreendeu os que se pautaram pelos números do Datafolha. Desde a primeira pesquisa feita após o escândalo Erenice os resultados do instituto mostraram a diminuição gradual da vantagem da petista sobre a soma dos demais candidatos, a continuidade da onda verde, a estabilidade de Serra e o crescimento da chance de haver segundo turno. Na véspera da eleição, o instituto mostrou que Dilma atingia seu menor índice dos últimos 50 dias.
Todos os veículos que divulgaram as pesquisas do instituto puderam mostrar durante a semana passada o crescimento da chance de haver segundo turno. Até a véspera da eleição apenas o Datafolha possibilitou essa análise, que contrariava todas as outras projeções.
Este é o principal objetivo dos levantamentos de opinião: acompanhar o processo eleitoral revelando os movimentos das intenções de voto e suas motivações. Esta eleição apresentou pelo menos três momentos cruciais para seu entendimento e que só puderam ser revelados pela existência de pesquisas.
O primeiro foi após o lançamento das candidaturas, quando Serra liderava por ser mais conhecido. Mas o potencial de transferência de prestígio de Lula projetava Dilma muito competitiva, apesar de sua baixa intenção de voto.
Ao adquirir reconhecimento como candidata do governo mais popular do período pós-redemocratização, conquistou gradativamente o apoio das camadas mais populares e empatou com Serra. A partir do início oficial da campanha e da entrada na TV, em entrevistas e reportagens, o potencial de votos passou a se materializar e Dilma ultrapassou Serra, distanciando-se ainda mais após a primeira semana de horário eleitoral.
Na reta final, com o desgaste crescente da candidatura oficial, Marina começou a conquistar a classe média e, posteriormente a atingir camadas mais numerosas da sociedade. A partir daí começou a tirar votos também de Dilma, levando a eleição para o segundo turno.
Não fossem as pesquisas públicas, contratadas pelos veículos de comunicação, essas informações seriam exclusivas dos partidos políticos e não poderiam compor o repertório de informações de cada eleitor. A história da eleição seria refém de versões engajadas como, aliás, neste ano se tentou construir através da constante repetição de prognósticos que, ao final, mostraram-se enviesados.
Diante da continuação dessa história uma nova pergunta recai sobre os pesquisadores: quais são as chances de Dilma e Serra? O Datafolha divulgará novo levantamento em breve, avaliando o impacto e as repercussões do resultado do primeiro turno. Mas a última pesquisa, feita às vésperas do primeiro turno, já revelava que metade dos eleitores de Marina prefere Serra e um terço, Dilma. Outros 21% mostram-se indefinidos.
Em 2002, também no mesmo momento, simulação de segundo turno mostrava que Lula partia com uma vantagem de 18 pontos sobre Serra. Em 2006, a vantagem do petista sobre Alckmin era de 21 pontos. Hoje, considerando a mesma simulação, Dilma tem uma vantagem de 12 pontos sobre Serra. Aguardemos o próximo Datafolha.


MAURO PAULINO é diretor-geral do Datafolha

AMANHÃ EM ELEIÇÕES:
Marco Antonio Villa


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