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Governo monitora imagem no exterior
Pesquisas indicam que imprensa internacional traça quadro mais positivo que entidades estrangeiras que atuam aqui
Artigos subsidiam ações de relações públicas do Planalto; atuação na mídia na conferência do clima rendeu prêmios
CLAUDIA ANTUNES
DO RIO
Duas iniciativas do governo do presidente Lula monitoram, pela primeira vez de
forma sistemática, a evolução da imagem do Brasil em
instituições, empresas, governos e jornais estrangeiros.
A mais recente é uma pesquisa qualitativa realizada
pelo Ipea (Instituto de Pesquisa Econômica Aplicada),
sintetizada em indicadores
divulgados neste mês e que
serão atualizados a cada trimestre.
A outra, encomendada pela Secom (Secretaria de Comunicação da Presidência),
é uma análise diária do noticiário sobre o Brasil em 48
jornais das Américas, da Europa e da Ásia.
Essa análise é usada para
"consumo interno" da Área
Internacional da pasta, criada em 2009 para promover o
país no exterior.
O questionário de 15 perguntas feito pelo Ipea foi respondido por 170 entidades
com presença no Brasil, incluindo embaixadas e câmaras de comércio.
As respostas revelaram
uma percepção "moderadamente favorável" do país,
mas ainda longe, na maioria
dos itens pesquisados, do nível considerado "muito otimista".
A violência foi o ponto que
recebeu a pior pontuação.
Expectativa de crescimento
do PIB (Produto Interno Bruto) e política econômica tiveram as marcas mais altas (veja gráfico).
A análise de mídia é feita
para a Secom pela empresa
Companhia de Notícias
-que venceu, em parceria
com a multinacional americana Fleischman-Hillard, licitação de R$ 15 milhões
anuais para o trabalho de relações públicas com formadores de opinião estrangeiros, sobretudo jornalistas.
POSITIVO X NEGATIVO
Os relatórios, que classificam os artigos por tema e
viés positivo ou negativo,
não são públicos -a Secom
afirma que consolida um indicador para divulgação.
Mas o diplomata Rodrigo
Baena Soares, assessor especial da secretaria, diz que
"sem dúvida" há "muito
mais" notícias favoráveis ao
país, com exceção das que
tratam de violência e ambiente.
Balanço parcial divulgado
em dezembro pela Companhia de Notícias mostrava
que só 15% dos artigos tinham viés negativo.
Na comparação com a pesquisa do Ipea, isso indica que
a imprensa internacional
tende a traçar um quadro
mais positivo do Brasil do
que a percepção de agentes
externos que atuam aqui.
A Área Internacional da
Secom se espelha em programas equivalentes de países
como Estados Unidos, Israel
e França e tenta identificar
pontos fracos na imagem
brasileira.
São produzidos informes
sobre temas como trabalho
escravo e organizadas entrevistas só para a imprensa estrangeira -na sexta, houve
uma com o ministro Guido
Mantega (Fazenda), após a
divulgação do PIB.
VIAGENS
Além disso, junto com a
Apex (agência de promoção
das exportações), a secretaria já trouxe três grupos para
viagens temáticas ao Brasil
-dois de jornalistas e um de
assessores das comissões do
Congresso dos EUA.
Um quarto grupo de 11 jornalistas virá para as eleições,
num programa que, segundo
Baena, tem como foco a organização do pleito (Justiça
Eleitoral, voto eletrônico).
Entre os veículos que aceitaram o convite estão "Washington Post", "Le Monde",
"Guardian" e o principal
blog progressista americano,
o Huffington Post.
Baena diz que nem sempre
há relação direta entre esse
trabalho e os artigos publicados. "Tem muita coisa espontânea", diz, citando o recente
texto da "Economist" sobre a
"revolução agrícola" promovida pela Embrapa (Empresa
Brasileira de Pesquisa Agropecuária).
Em julho, a Companhia de
Notícias e a Fleischman ganharam o prêmio máximo da
Associação Internacional de
Relações Públicas pela blitz
para divulgar a posição do
Brasil na conferência do clima em Copenhague, em dezembro passado.
Um site bilíngue, um canal
no Twitter e 55 entrevistas de
autoridades renderam, segundo as empresas, 200 reportagens publicadas.
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