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Correntes do PT abrem disputa por ministérios
Alas internas do partido buscam mais influência no governo Dilma
Demandas da própria legenda somam-se à pressão dos 10 partidos da base de sustentação da presidente eleita
DE BRASÍLIA
DE SÃO PAULO
O PT deu largada a uma
disputa interna para a divisão de espaços no governo
Dilma. Diferentemente dos
oito anos da gestão Lula, que
escolheu sua equipe baseado
no critério da proximidade,
agora as correntes internas
do partido pretendem ter
mais influência.
A corrente majoritária do
PT, a CNB (Construindo um
novo Brasil), com cerca de
60% de espaço no diretório
nacional, seguirá com a
maior fatia da Esplanada.
Lula pertence a essa ala,
além do presidente do PT, José Eduardo Dutra, do ex-ministro José Dirceu e de atuais
Guido Mantega (Fazenda),
Paulo Bernardo (Planejamento) e Alexandre Padilha
(Relações Institucionais).
Dos 17 ministérios hoje nas
mãos do PT, a CNB tem 9,
além de vários cargos espalhados pela Esplanada. Na
bolsa de apostas, os petistas
Aloizio Mercadante (SP) e
Ideli Salvatti (SC) podem ser
contemplados.
Mercadante pode assumir
um gabinete na área de infraestrutura (Cidades, hoje
com o PP, mas disputado
também por outras legendas), ir para o Ministério do
Desenvolvimento ou para a
Educação, hoje com a corrente Mensagem. Já Ideli pode ir
para a Secretaria da Mulher.
A corrente Mensagem/Democracia Socialista detém o
controle de 16% do diretório
petista e possui atualmente
três ministros: Fernando
Haddad (Educação), Guilherme Cassel (Desenvolvimento Agrário) e Paulo Vannuchi (Direitos Humanos).
Pretende manter esse patrimônio e, se possível, crescer.
As tendências Movimento
PT e Articulação de Esquerda
têm o mesmo tamanho
-10% cada-, embora o primeiro grupo jamais tenha sido contemplado com uma
vaga no primeiro escalão.
O Movimento PT quer colocar a deputada federal Maria do Rosário (RS) na Secretaria de Direitos Humanos, e conta com isso com o apoio
da ala gaúcha do partido.
"Nós temos bons quadros
para oferecer. Nunca indicamos ninguém para o ministério. Nunca pressionamos e
não vamos pressionar", disse
o deputado Virgílio Guimarães (MG), da Movimento.
A Articulação de Esquerda
deseja manter a Secretaria da
Pesca, hoje nas mãos de Altemir Gregolin. A deputada
Iriny Lopes (ES) argumenta,
porém, que o grupo "tem
quadros para estar na Pesca e
em outros espaços".
Coordenador político da
transição, José Eduardo Dutra quer reunir o Diretório Nacional nos próximos dias para tratar do assunto, talvez
com a presença de Dilma. Filiada em 2001, ela não integra nenhuma tendência.
O PT também assiste a disputas dos Estados. Em SP, a
pressão é por Mercadante.
Um grupo liderado pelo deputado João Paulo Cunha
(SP) prega a necessidade de
levar um deputado paulista
para o ministério como forma
de abrir vaga na Câmara para
José Genoino, 1º suplente.
As demandas do PT somam-se à pressão de dez partidos que integraram a base
de sustentação de Dilma.
(NATUZA NERY, RANIER BRAGON, CATIA
SEABRA e SIMONE IGLESIAS)
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