São Paulo, segunda-feira, 07 de fevereiro de 2011

Texto Anterior | Próximo Texto | Índice | Comunicar Erros

Palocci não repete República de Ribeirão

Grupo que acompanhou ex-ministro da Fazenda e se envolveu em escândalos no primeiro governo Lula está dividido

Ex-assessores como Poleto e Buratti não retornaram ao governo federal, enquanto outros foram acolhidos

ARARIPE CASTILHO
DE RIBEIRÃO PRETO

Cinco anos após os escândalos que derrubaram o ex-ministro da Fazenda Antonio Palocci, o grupo que ficou conhecido como "República de Ribeirão Preto" está dividido entre os que continuam no poder e os "esquecidos".
Palocci, ex-prefeito de Ribeirão Preto, levou para Brasília parte de sua equipe na administração municipal ao se tornar ministro no primeiro governo Lula -e alguns assessores se envolveram em denúncias em 2006.
Agora, fortalecido na gestão Dilma Rousseff como ministro da Casa Civil, preferiu não repetir a dose.
O engenheiro eletrônico Wagner Quirici, ex-presidente da Serpro (Serviço Federal de Processamento de Dados) que caiu logo após Palocci, "reclama": diz que só não está no governo federal por falta de convites.
"Meu relacionamento era direto com o ex-ministro [Palocci] e, depois que ele se afastou, não tive outro convite. Se tivesse, ficaria no governo sem problemas", afirmou Quirici à Folha.
O ex-assessor de Palocci Vladmir Poleto, que relatou à revista "Veja" ter transportado dólares vindos de Cuba para a campanha de 2002, se diz hoje "consultor empresarial" e vive longe da política, na periferia de Ribeirão.
Apesar do isolamento, afirmou não ter "mágoa" de Palocci, mas evitou falar sobre retorno a Brasília.
Rogério Buratti -que em 2005 acusou Palocci de ter recebido "mensalinho" de uma empreiteira em sua segunda gestão em Ribeirão- é advogado em Belo Horizonte.
Distante do grupo, afirma não se sentir abandonado, diz que se afastou da política "por opção" e não fala em se reaproximar do PT.
Habituado a postar comentários pró-governo no Twitter, Buratti mantém petistas em suas redes sociais e não poupa elogios a Palocci: "Ele ocupa o lugar que uma pessoa com a competência dele tem de ocupar".

NO PODER
Da antiga "República de Ribeirão", três membros se mantiveram no governo e um teve seu retorno confirmado no final de janeiro.
Galeno Amorim, ex-secretário da Cultura de Ribeirão, foi nomeado para a presidência da Fundação Biblioteca Nacional. Ele negou influência de Palocci.
"[Palocci] deve ter ficado sabendo pelos jornais. Fui escolhido porque sou uma referência na minha área."
Já o ex-subsecretário da Saúde em Ribeirão Fernando Mendes Garcia Neto foi nomeado pelo próprio Palocci neste ano para um cargo no Ministério da Agricultura, pasta comandada por Wagner Rossi (PMDB), outro político ribeirão-pretano.

SILÊNCIO
A Folha procurou Palocci, mas não teve retorno de sua assessoria na Casa Civil.
A reportagem também não conseguiu falar com Nelson Rocha Augusto -do Conselho Fiscal da Petrobras- e Donizeti Rosa -superintendente de administração do Ministério da Fazenda.
Os entrevistados rejeitam a expressão "República de Ribeirão", que consideram pejorativa, e reiteram que não há condenação judicial contra eles.


Texto Anterior: Análise: Certas aposentadorias especiais são distorções no sistema previdenciário
Próximo Texto: Toda Mídia - Nelson de Sá: A Turquia por modelo
Índice | Comunicar Erros



Copyright Empresa Folha da Manhã S/A. Todos os direitos reservados. É proibida a reprodução do conteúdo desta página em qualquer meio de comunicação, eletrônico ou impresso, sem autorização escrita da Folhapress.