São Paulo, segunda-feira, 07 de fevereiro de 2011

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TODA MÍDIA

NELSON DE SÁ nelsonsa@uol.com.br

A Turquia por modelo

Começou há uma semana, com a Reuters dando longa reportagem sobre o "modelo turco" para o Egito e ouvindo analistas de Rand Corp. e outros. Ecoou na Bloomberg, com analistas das universidades Johns Hopkins e Columbia, e chegou à capa da "Time", com Fareed Zakaria saudando o papel dos militares turcos na "contenção dos excessos da política religiosa". Daí para "Foreign Policy" e "Christian Science Monitor". Aqui e ali, destaque para a influência turca na região, lembrando sua mediação no Irã, com o Brasil.
Por fim, ao longo do fim de semana no "New York Times", Obama abriu sua aposta num Egito que reúna o general Suleiman e a Irmandade Muçulmana.

 

De sua parte, a mídia turca relatou encontro entre o chanceler Davutoglu e a secretária Hillary Clinton, no sábado, além da ligação de Obama para o primeiro-ministro Erdogan. E o jornal "Hurriyet" ressaltou que a Turquia não age sozinha na busca por "liderança" na região. Esteve ao lado do Qatar, por exemplo, na solução política recém-negociada no Líbano.

ONDE ESTÁ O BRASIL?
Ontem na home do canal Al Jazeera, do Qatar, "Com o Egito, onde está a ONU?". Destaca que "muitos estão cobrando que interceda", mas não é para "criar expectativa", pois, segundo a "embaixadora do Brasil e atual presidente do Conselho de Segurança, Maria Luiza Viotti, a situação está sendo tratada no âmbito nacional". A Al Jazeera questiona também a "hesitação" de Rússia e China. E diz que o Conselho, historicamente, só se move quando requisitado pelos EUA.
No israelense "Haaretz", por outro lado, um colunista alertou que "a velha ordem no Oriente Médio está caindo" no Egito, refletindo "a aceleração do declínio do Ocidente", EUA sobretudo, com o surgimento de "potências regionais como Brasil, Turquia e Irã".

O QUE QUER O BRASIL
O secretário do Tesouro dos EUA chega hoje para preparar a visita de Obama. Com ele, chegam os primeiros ataques e elogios da mídia americana à aproximação com o Brasil. O âncora conservador Glenn Beck, da Fox News, saiu chamando Dilma Rousseff de "ex-terrorista", enquanto a Americas Society publicou no "Miami Herald" a análise "Ascensão do Brasil pode ser benéfica para EUA".
Patrícia Campos Mello informou na Folha.com que o Brasil espera, da visita de Obama, "apoio a um assento permanente em um novo Conselho de Segurança", como ocorreu com a Índia, marcando o "recomeço" nas relações buscado por Dilma. Mas o "Estado" ouviu de "um diplomata americano", em Washington, que só por "milagre".

Pró-americana?
O "Financial Times", que apoiou José Serra contra Dilma, elogia agora em editorial como ela "rompeu com a política" de Lula no Irã, o que "caiu bem em Washington". O mesmo "FT" noticia que um secretário assistente de Estado dos EUA declarou, em Miami: "Com toda a conversa de China, nós ainda somos o maior investidor na América Latina e seu maior mercado". Mas não para o Brasil.

Antichinesa?
Na Reuters, "Brasil e China: Um jovem casamento sob risco". Diz que Dilma "está direcionando o Brasil a uma postura de maior confronto", cobrando acesso ao mercado.
Mas ouve do embaixador Qiu Xiaoqi, "em rara entrevista", que o comércio Brasil-China subiu por "necessidade recíproca" e não tem como frear. Ele atribui rumores antichineses a uma "minoria" na equipe de Dilma.

LULA LÁ
Enquanto Dilma se afasta da Turquia e da China e se aproxima dos EUA, Lula vai ao Fórum Social, a partir de hoje no Senegal. A France Presse destaca, além dele, líderes sul-americanos e africanos -e que a reunião, num país africano de maioria muçulmana, deverá focar Tunísia e Egito.
Já o blog da revista "Fórum" relata de Dacar que o nome do brasileiro é lembrado nas ruas junto com o de jogadores de futebol.

AL JAZEERA BATE "NYT"
news.yahoo.com/cutline
Nos dados do Alexa, o empate na audiência
Sites americanos de mídia como The Cutline noticiam que o site da Al Jazeera vive "boom" de audiência e "até passou o NYT.com brevemente", dias atrás.
No próprio "NYT", o colunista Frank Rich descreveu como, "famintos por uma cobertura sofisticada de Oriente Médio, que não tinham na TV, milhões de americanos buscaram o "stream" da Al Jazeera em seus computadores". Foi o resultado da "censura praticada pelos porteiros corporativos da América".

Leia mais, pela manhã, em www.todamidia.folha.blog.uol.com.br


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