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ANÁLISE
Benefício é bem-vindo, mas deve ser aliado a políticas de crédito e educação
BERNARDO MANÇANO FERNANDES
ESPECIAL PARA A FOLHA
A iniciativa do governo federal de incluir famílias assentadas no programa Bolsa
Família é uma ajuda substancial, considerando que
essas famílias estão reconstruindo suas vidas e a maior
parte está descapitalizada. A
ajuda é bem-vinda, mas não
pode ter caráter duradouro.
O Bolsa Família é uma política compensatória e, tornando-se permanente, emperra o desenvolvimento. A
lógica da compensação é
contribuir para o estabelecimento de condições sociais
que levem ao desenvolvimento territorial, o que exige
outras políticas públicas -
como o crédito e a educação.
Essas políticas estão sendo
aplicadas, mas são discrepantes e devem ser corrigidas. Os exemplos são o Pronaf e o Pronera.
Nas últimas duas safras,
apenas 55% dos recursos disponibilizados foram utilizados. Milhares de assentados
não tiveram acesso ao crédito, por falta de organização
ou conhecimento, ou não
quiseram por não atender
suas necessidades.
O Pronera não atende plenamente às demandas educacionais dos assentados. O
ensino fundamental voltado
para o campo, a possibilidade de formação técnica e tecnológica voltada à produção
agroecológica, e o acesso à
universidade são os gargalos
dessa importante política.
O Bolsa Família pode prejudicar os assentados se separado dessas políticas.
Sem ajuste e qualificação,
teremos várias políticas públicas aplicadas de modo
ineficiente. Com certeza, não
faltarão arautos ruralistas
que colocarão a culpa nas famílias assentadas. Por outro
lado, o auxilio permanente,
como dizia Luiz Gonzaga,
"vicia o cidadão".
BERNARDO MANÇANO FERNANDES é
professor da Unesp
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