São Paulo, segunda-feira, 07 de junho de 2010

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ANÁLISE

Benefício é bem-vindo, mas deve ser aliado a políticas de crédito e educação

BERNARDO MANÇANO FERNANDES
ESPECIAL PARA A FOLHA

A iniciativa do governo federal de incluir famílias assentadas no programa Bolsa Família é uma ajuda substancial, considerando que essas famílias estão reconstruindo suas vidas e a maior parte está descapitalizada. A ajuda é bem-vinda, mas não pode ter caráter duradouro.
O Bolsa Família é uma política compensatória e, tornando-se permanente, emperra o desenvolvimento. A lógica da compensação é contribuir para o estabelecimento de condições sociais que levem ao desenvolvimento territorial, o que exige outras políticas públicas - como o crédito e a educação.
Essas políticas estão sendo aplicadas, mas são discrepantes e devem ser corrigidas. Os exemplos são o Pronaf e o Pronera. Nas últimas duas safras, apenas 55% dos recursos disponibilizados foram utilizados. Milhares de assentados não tiveram acesso ao crédito, por falta de organização ou conhecimento, ou não quiseram por não atender suas necessidades.
O Pronera não atende plenamente às demandas educacionais dos assentados. O ensino fundamental voltado para o campo, a possibilidade de formação técnica e tecnológica voltada à produção agroecológica, e o acesso à universidade são os gargalos dessa importante política.
O Bolsa Família pode prejudicar os assentados se separado dessas políticas. Sem ajuste e qualificação, teremos várias políticas públicas aplicadas de modo ineficiente. Com certeza, não faltarão arautos ruralistas que colocarão a culpa nas famílias assentadas. Por outro lado, o auxilio permanente, como dizia Luiz Gonzaga, "vicia o cidadão".


BERNARDO MANÇANO FERNANDES é professor da Unesp


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