São Paulo, domingo, 08 de maio de 2011

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ANÁLISE INFLAÇÃO

Repasses automáticos da inflação aumentam

Mecanismos que corrigem preços e salários preocupam autoridades

GUSTAVO PATU
DE BRASÍLIA

A disparada das cotações internacionais de minérios e produtos agrícolas no ano passado levou os aluguéis de imóveis urbanos no Brasil a sofrer neste ano seus maiores reajustes desde 2008.
A economia cresceu com mais vigor, mas a medida de sucesso numa negociação salarial ainda é igualar ou superar a variação do custo de vida dos 12 meses anteriores.
Mesmo os que não viveram a era da superinflação acham justo corrigir valores por índices de preços.
A indexação, essa prática econômica, jurídica e cultural, foi reduzida e disciplinada pelo Plano Real.
Mas não desapareceu. No governo Dilma, assumiu viés de alta e voltou a preocupar analistas e autoridades.
A nova administração petista aumentou deliberadamente o grau de indexação formal do país, ao fixar em lei a correção automática anual do salário mínimo pela variação do INPC (Índice Nacional de Preços ao Consumidor) e a expansão do PIB.
A indexação informal também tende a crescer com o surto inflacionário, a piora das expectativas e a busca por proteção de salários, aplicações e patrimônio.
No exemplo mais citado, o salário mínimo será reajustado em janeiro de R$ 545 para algo entre R$ 615 e R$ 620. Crescerão os gastos públicos, os custos da construção civil e o consumo na hora em que, pelo BC, a alta de preços deveria estar em desaceleração.
A indexação não é invenção brasileira, mas o país é citado como um dos casos que a adotou de forma mais ampla, como nos anos 80 e 90, quando a inflação atingiu o pico de 6.600% em 12 meses.
É evidente que, sem correção monetária, nem seria preciso uma taxa tão astronômica para provocar um colapso nas transações econômicas: pessoas não se sentiriam seguras para poupar, lojas não venderiam à prestação, não haveria investimento de longo prazo.
Mas foi a própria indexação que produziu os índices de preços de dois, três e quatro dígitos, ao transformar a última inflação no piso da próxima -e elevou pobreza e desigualdade, porque nem todos conseguem corrigir os ganhos no mesmo ritmo.


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