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Preços dos combustíveis caem e dão alívio à inflação
Segundo especialistas, trégua é temporária e pressão voltará depois de julho
Variação acumulada pela inflação em 12 meses está em 6,55%, acima do limite da meta do governo, de 6,5%
PEDRO SOARES
DO RIO
Vilões da inflação em
abril, os combustíveis deram
uma trégua com a entrada da
safra de cana-de-açúcar. Em
maio, eles permitiram que o
IPCA (Índice de Preços ao
Consumidor Amplo) subisse
menos que em abril e tendem
a segurar a inflação também
no mês de junho.
A maior produção de álcool fez cair com força o preço do combustível e possibilitou um aumento menor da
gasolina -que tem o biocombustível em sua mistura.
A inflação medida pelo IBGE (Instituto Brasileiro de
Geografia e Estatística) foi de
0,47% no mês passado, abaixo do 0,77% de abril.
Na medição que considera
o indicador acumulado em 12
meses, que mostra a tendência de longo prazo da inflação, o IPCA, porém, acelerou
e ficou em 6,55%. O índice
superou o teto da meta do governo (6,50%) e teve a maior
marca desde julho de 2005.
Segundo Eulina Nunes
dos Santos, coordenadora do
IBGE, as usinas de álcool aumentaram rapidamente a
produção e a oferta no mercado. Com isso, o preço do
produto caiu 11,34% no mês.
Os combustíveis tendem a
manter a inflação baixa em
junho e julho, quando o índice deve ficar próximo a zero,
segundo analistas. Os alimentos também devem ajudar a segurar a alta de preços.
Segundo Thiago Curado,
analista da Tendências, o
preço de produtos como soja,
milho e trigo está em queda
no mercado internacional e a
redução pode chegar ao consumidor no Brasil.
Os preços de outros itens
de alimentação -como os
hortifrúti- também estão em
queda e devem chegar às
prateleiras em junho.
"A redução dos preços nos
supermercados não será no
mesmo ritmo, mas os alimentos vão ajudar a inflação ficar
perto de zero em junho e julho", diz Curado.
Em maio, alguns desses
itens, como o tomate, pressionaram o índice. O leite,
outro produto importante na
mesa do brasileiro, também
puxou a inflação para cima.
Para Curado, porém, o refresco dos aumentos de preço é "momentâneo" e a inflação deve voltar a se acelerar,
passados os efeitos da redução dos preços dos combustíveis e dos alimentos.
EFEITO TEMPORÁRIO
O economista Luiz Roberto
Cunha, professor da PUC-Rio, destaca que o mercado
de trabalho ainda aquecido
-que alimenta o consumo-
dará fôlego para novos aumentos de preços depois do
mês de julho.
Cunha diz que o Banco
Central sabe que o "alívio sobre a inflação não será duradouro". Por isso, acredita,
deve fazer hoje um novo aumento da taxa básica de juros de 0,25 ponto percentual.
Curado, da Tendências,
espera que o BC faça mais
quatro aumentos de 0,25
ponto percentual -hoje, a taxa está em 12,25%- até o fim
do ano. O objetivo é esfriar a
economia e conter a inflação.
Ontem, a CNI (Confederação Nacional da Indústria)
informou que a alta da inflação em 2011 reduziu o total de
salários pagos e o rendimento do trabalhador da indústria brasileira. Esses dois indicadores caíram 3,5% e 4%,
respectivamente, em abril.
A atividade industrial recuou 0,4 ponto percentual
no mês, com as empresas
usando 82% de sua capacidade instalada.
Colaborou ANA CAROLINA OLIVEIRA, de
Brasília
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