São Paulo, quarta-feira, 08 de junho de 2011

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Preços dos combustíveis caem e dão alívio à inflação

Segundo especialistas, trégua é temporária e pressão voltará depois de julho

Variação acumulada pela inflação em 12 meses está em 6,55%, acima do limite da meta do governo, de 6,5%


PEDRO SOARES
DO RIO

Vilões da inflação em abril, os combustíveis deram uma trégua com a entrada da safra de cana-de-açúcar. Em maio, eles permitiram que o IPCA (Índice de Preços ao Consumidor Amplo) subisse menos que em abril e tendem a segurar a inflação também no mês de junho.
A maior produção de álcool fez cair com força o preço do combustível e possibilitou um aumento menor da gasolina -que tem o biocombustível em sua mistura. A inflação medida pelo IBGE (Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística) foi de 0,47% no mês passado, abaixo do 0,77% de abril.
Na medição que considera o indicador acumulado em 12 meses, que mostra a tendência de longo prazo da inflação, o IPCA, porém, acelerou e ficou em 6,55%. O índice superou o teto da meta do governo (6,50%) e teve a maior marca desde julho de 2005.
Segundo Eulina Nunes dos Santos, coordenadora do IBGE, as usinas de álcool aumentaram rapidamente a produção e a oferta no mercado. Com isso, o preço do produto caiu 11,34% no mês.
Os combustíveis tendem a manter a inflação baixa em junho e julho, quando o índice deve ficar próximo a zero, segundo analistas. Os alimentos também devem ajudar a segurar a alta de preços.
Segundo Thiago Curado, analista da Tendências, o preço de produtos como soja, milho e trigo está em queda no mercado internacional e a redução pode chegar ao consumidor no Brasil.
Os preços de outros itens de alimentação -como os hortifrúti- também estão em queda e devem chegar às prateleiras em junho.
"A redução dos preços nos supermercados não será no mesmo ritmo, mas os alimentos vão ajudar a inflação ficar perto de zero em junho e julho", diz Curado.
Em maio, alguns desses itens, como o tomate, pressionaram o índice. O leite, outro produto importante na mesa do brasileiro, também puxou a inflação para cima.
Para Curado, porém, o refresco dos aumentos de preço é "momentâneo" e a inflação deve voltar a se acelerar, passados os efeitos da redução dos preços dos combustíveis e dos alimentos.

EFEITO TEMPORÁRIO
O economista Luiz Roberto Cunha, professor da PUC-Rio, destaca que o mercado de trabalho ainda aquecido -que alimenta o consumo- dará fôlego para novos aumentos de preços depois do mês de julho.
Cunha diz que o Banco Central sabe que o "alívio sobre a inflação não será duradouro". Por isso, acredita, deve fazer hoje um novo aumento da taxa básica de juros de 0,25 ponto percentual.
Curado, da Tendências, espera que o BC faça mais quatro aumentos de 0,25 ponto percentual -hoje, a taxa está em 12,25%- até o fim do ano. O objetivo é esfriar a economia e conter a inflação.
Ontem, a CNI (Confederação Nacional da Indústria) informou que a alta da inflação em 2011 reduziu o total de salários pagos e o rendimento do trabalhador da indústria brasileira. Esses dois indicadores caíram 3,5% e 4%, respectivamente, em abril.
A atividade industrial recuou 0,4 ponto percentual no mês, com as empresas usando 82% de sua capacidade instalada.


Colaborou ANA CAROLINA OLIVEIRA, de Brasília


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