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IR de tucano foi acessado, admite Receita
Segundo o fisco, investiga-se agora se consultas a declarações de Eduardo Jorge têm ou não motivação ilegal
Informações fiscais de dirigente do PSDB, que diz ter sigilo violado, estavam em dossiê feito por campanha de Dilma
LEONARDO SOUZA
DE BRASÍLIA
A Receita Federal reconheceu ontem que servidores do
órgão consultaram as declarações de Imposto de Renda
do vice-presidente-executivo
do PSDB, Eduardo Jorge Caldas Pereira.
Por meio de nota, o fisco
ressaltou que as investigações continuam, para apurar
agora se os acessos se deram
"por razão de serviço" ou por
motivação ilegal.
No mês passado, a Folha
revelou que dados fiscais sigilosos de Eduardo Jorge foram incluídos em dossiê feito
pelo "grupo de inteligência"
da pré-campanha da candidata Dilma Rousseff (PT) e
que os documentos saíram
dos sistemas da Receita.
A reportagem obteve cópias de cinco declarações
completas do Imposto de
Renda (entregues entre 2005
e 2009) de EJ, como o dirigente tucano é conhecido.
Em todas as páginas do
material consta a seguinte
frase: "Estes dados são cópia
fiel dos constantes em nossos
arquivos. Informações protegidas por sigilo fiscal".
Na nota, a Receita destaca
que seus sistemas não foram
violados nem invadidos. Segundo o órgão, os acessos foram feitos por servidores autorizados, por uso de senha
pessoal e certificação digital.
Os fiscais só podem consultar dados dos programas
da Receita se tiverem determinação superior. Por exemplo, se o contribuinte estiver
sob fiscalização e o auditor
for escalado para a tarefa.
Procurado ontem pela Folha, Eduardo Jorge disse que
recebeu normalmente no
ano passado sua restituição
do IR, o que indica que ele
não caiu na malha fina nem
esteve sob fiscalização.
O tucano voltou a afirmar
que seu sigilo fiscal foi violado e disse que seus advogados vão pedir à Receita para
acompanhar a sindicância
interna aberta pelo órgão.
"Caso a investigação indique vazamento de informações sigilosas e conclua pela
quebra de sigilo funcional, o
autor estará sujeito à pena de
demissão e o inquérito será
encaminhado ao Ministério
Público Federal para adoção
das medidas necessárias na
esfera criminal", diz a nota.
Apesar de a Folha ter informado que obteve dados
de EJ de 2005 a 2009, o fisco
só identificou os acessos às
declarações de 2008 e 2009.
A Receita também não informou prazo para concluir
suas investigações.
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