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PRESIDENTE 40 ELEIÇÕES 2010
Dados de genro de Serra também foram vasculhados na agência do fisco em Mauá
Acesso a informações ocorreu 8 dias após quebra de sigilo de outras pessoas ligadas ao PSDB
Dados cadastrais de Alexandre Bourgeois foram acessados do mesmo computador em que ocorreram violações
FERNANDA ODILLA
LEONARDO SOUZA
DE BRASÍLIA
Os dados cadastrais do
empresário Alexandre Bourgeois, genro do candidato José Serra (PSDB), foram vasculhados na agência Receita
Federal em Mauá (SP), mesmo local onde foi quebrado o
sigilo de cinco pessoas ligadas ao tucano.
Em 16 de outubro de 2009,
foram feitos três acessos aos
dados de Bourgeois no computador da servidora Adeildda Ferreira dos Santos.
A funcionária é investigada por ter, de forma ilegal,
coletado dados cadastrais e
impresso a declaração de
renda das pessoas próximas
a Serra, oito dias antes de
consultar informações do
genro do candidato.
Veronica Serra, mulher de
Alexandre, também teve os
dados cadastrais acessados
na mesma máquina em 8 de
outubro. Além disso, munido
de uma procuração falsa, o
petista Antônio Carlos Atella
obteve os dados fiscais da filha de Serra em uma agência
de Santo André (SP).
A Corregedoria da Receita
já sabe que o computador de
Adeildda foi usado para coletar informações de 2.949 contribuintes entre agosto e dezembro do ano passado.
GOVERNO
O Ministério da Fazenda,
ao qual a Receita é subordinada, soltou nota ontem minimizando o caso. Para a Fazenda, no caso de Bourgeois
"houve acesso apenas aos
seus dados cadastrais e não
quebra de seu sigilo fiscal".
Segundo nota, 90% dos
acessos no computador de
Adeildda referem-se a dados
que não são protegidos por
sigilo, uma vez que não identificam a situação econômica
nem o estado dos negócios
do alvo da consulta.
Trata-se de informações
como nome completo, CPF,
filiação, endereço e número
de telefone atualizados que,
tampouco, estão disponíveis
a qualquer cidadão.
As milhares de consultas
foram identificadas por uma
"Apuração Especial" do Serpro (Serviço Federal de Processamento de Dados), feita
a pedido da Receita e enviada no último dia 24 à comissão que apura as violações.
Nesse caso, a corregedoria
pediu ao Serpro que relacionasse todos os acessos a dados cadastrais e informações
de cobrança feitos por
Adeildda dos Santos.
A Receita identificou ainda que a maioria dos acessos
feitos no computador dela é
de contribuintes que não pertencem à jurisdição de Mauá,
onde ela trabalhava.
Como a Folha revelou na
sexta-feira, a grande quantidade de consultas feitas por
Adeildda já havia chamado
atenção do chefe da Corregedoria da Receita em São Paulo, Guilherme Bibiani Neto.
Ele disse que o sigilo do vice-presidente do PSDB
Eduardo Jorge foi violado várias vezes em diferentes
"ocasiões e datas". Em texto,
Bibiani Neto explica que para
consultar a declaração de
renda de um contribuinte é
necessário saber primeiro o
CPF e, por isso, é feita a consulta a dados cadastrais.
Isso explica por que os dados cadastrais de Eduardo
Jorge e de outras quatro pessoas foram consultados na
manhã do dia 8 de outubro.
Quatro horas depois, a declaração de renda deles foi acessada e impressa.
Parte dessa documentação foi parar nas mãos de integrantes do chamado "grupo de inteligência" que trabalhava na pré-campanha
da Dilma Rousseff (PT), principal adversária de Serra.
POLÍCIA
A Polícia Federal, que também investiga o caso, concentra a apuração na perícia
do computador de Adeildda,
principal suspeita da violação dos sigilos dos tucanos.
Para acelerar as investigações, a PF decidiu escalar sua
Divisão de Inteligência. Nos
últimos três anos, apenas em
seis ocasiões isso ocorreu
-entre elas as operações Satiagraha e Caixa de Pandora.
Questionado ontem sobre
a administração da crise, o
secretário da Receita, Otacílio Cartaxo, pausou, sorriu e
disse: "Tá aí na mídia, né".
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