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Justiça Federal quebra sigilo de acusada de violar dados
PF quer saber com quem a servidora investigada falava
Polícia de SP também pediu abertura de sigilo do falso procurador que retirou da Receita dados da filha de José Serra
ANDRÉA MICHAEL
DE SÃO PAULO
A Justiça Federal autorizou a quebra do sigilo telefônico de Adeildda Ferreira dos
Santos, servidora federal cedida à Receita responsável
pelo computador no qual foi
violado o sigilo fiscal de dirigentes tucanos e de Veronica
Serra, filha do presidenciável
José Serra (PSDB).
A Justiça já havia liberado
à Polícia Federal acesso ao
disco rígido (memória) do
terminal, usado por ela na
agência do fisco de Mauá
(Grande São Paulo).
Do terminal de Adeildda,
que já foi devolvida pela Receita ao Serpro (o serviço de
processamento de dados do
governo federal), também foram acessados os dados do
genro de Serra, Alexandre
Bourgeois.
A PF pediu à Justiça Federal de Brasília, na qual tramita o inquérito sobre o caso,
acesso aos extratos telefônicos de Adeildda entre agosto
e dezembro de 2009, quando
ocorreram as quebras de sigilo de tucanos em Mauá.
Pretende, assim, descobrir
com quem Adeildda falou
antes, durante e depois dos
acessados sem autorização.
Além das informações de
dirigentes tucanos, Adeildda
é investigada por acessar dados de 2.949 contribuintes
que não pertencem ao domicílio fiscal de Mauá -o que,
em tese, é ilegal.
Adeildda usava a senha da
chefe da unidade Antonia
Aparecida Neves Silva.
Em depoimento no processo disciplinar a que responde, Antonia declarou que
também disponibilizava seu
código secreto à servidora
Ana Maria Caroto Cano.
As três estão sob investigação da Corregedoria do fisco.
Em entrevista à Folha,
Adeildda afirmou que a senha de Antonia era "socializada" e que acessava dados a
pedido de sua chefe, de Ana
Maria e também do servidor
Júlio Bertoldo.
Em nome de Adeildda, o
advogado Marcelo Panzardi
diz que sua cliente errou ao
descuidar de seu terminal.
Afirma, porém, que a Receita está empurrando para
ela a responsabilidade por
acessos feitos por ela por determinação de seus chefes.
Por meio dos advogados
do Sindireceita, Antonia diz
que cedia sua senha para distribuir trabalho na unidade.
A Folha não localizou o
advogado de Ana Maria.
NOVAS QUEBRAS
A Polícia Civil de São Paulo pediu ontem à Justiça a
quebra do sigilo telefônico de
outros dois envolvidos.
O primeiro é o contador
Antonio Carlos Atella Ferreira, que usou uma procuração
falsa para retirar da Receita
dados de Veronica Serra.
O segundo, o office-boy
Ademir Estevam Cabral,
apontado pelo contador como um dos responsáveis pelo
pedido dos dados.
Segundo Atella, foi Cabral
quem lhe entregou a procuração de Veronica já falsificada em meio a outros pedidos
de informações.
Desde segunda-feira, a polícia tenta localizar o office-boy para que ele possa esclarecer sua participação.
Os policiais acreditam que
Cabral seja apenas um intermediário e que o registro das
ligações poderá levá-los aos
verdadeiros interessados nos
dados da filha de Serra.
A polícia esperava ouvir
Atella ontem, mas ele não
compareceu ao depoimento
a que havia espontaneamente combinado ir.
Colaboraram ROGÉRIO PAGNAN e ANDRÉ
CARAMANTE, de São Paulo
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