São Paulo, quinta-feira, 09 de setembro de 2010

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Justiça Federal quebra sigilo de acusada de violar dados

PF quer saber com quem a servidora investigada falava

Polícia de SP também pediu abertura de sigilo do falso procurador que retirou da Receita dados da filha de José Serra

ANDRÉA MICHAEL
DE SÃO PAULO

A Justiça Federal autorizou a quebra do sigilo telefônico de Adeildda Ferreira dos Santos, servidora federal cedida à Receita responsável pelo computador no qual foi violado o sigilo fiscal de dirigentes tucanos e de Veronica Serra, filha do presidenciável José Serra (PSDB).
A Justiça já havia liberado à Polícia Federal acesso ao disco rígido (memória) do terminal, usado por ela na agência do fisco de Mauá (Grande São Paulo).
Do terminal de Adeildda, que já foi devolvida pela Receita ao Serpro (o serviço de processamento de dados do governo federal), também foram acessados os dados do genro de Serra, Alexandre Bourgeois.
A PF pediu à Justiça Federal de Brasília, na qual tramita o inquérito sobre o caso, acesso aos extratos telefônicos de Adeildda entre agosto e dezembro de 2009, quando ocorreram as quebras de sigilo de tucanos em Mauá.
Pretende, assim, descobrir com quem Adeildda falou antes, durante e depois dos acessados sem autorização.
Além das informações de dirigentes tucanos, Adeildda é investigada por acessar dados de 2.949 contribuintes que não pertencem ao domicílio fiscal de Mauá -o que, em tese, é ilegal.
Adeildda usava a senha da chefe da unidade Antonia Aparecida Neves Silva.
Em depoimento no processo disciplinar a que responde, Antonia declarou que também disponibilizava seu código secreto à servidora Ana Maria Caroto Cano.
As três estão sob investigação da Corregedoria do fisco. Em entrevista à Folha, Adeildda afirmou que a senha de Antonia era "socializada" e que acessava dados a pedido de sua chefe, de Ana Maria e também do servidor Júlio Bertoldo.
Em nome de Adeildda, o advogado Marcelo Panzardi diz que sua cliente errou ao descuidar de seu terminal.
Afirma, porém, que a Receita está empurrando para ela a responsabilidade por acessos feitos por ela por determinação de seus chefes.
Por meio dos advogados do Sindireceita, Antonia diz que cedia sua senha para distribuir trabalho na unidade.
A Folha não localizou o advogado de Ana Maria.

NOVAS QUEBRAS
A Polícia Civil de São Paulo pediu ontem à Justiça a quebra do sigilo telefônico de outros dois envolvidos.
O primeiro é o contador Antonio Carlos Atella Ferreira, que usou uma procuração falsa para retirar da Receita dados de Veronica Serra.
O segundo, o office-boy Ademir Estevam Cabral, apontado pelo contador como um dos responsáveis pelo pedido dos dados.
Segundo Atella, foi Cabral quem lhe entregou a procuração de Veronica já falsificada em meio a outros pedidos de informações.
Desde segunda-feira, a polícia tenta localizar o office-boy para que ele possa esclarecer sua participação.
Os policiais acreditam que Cabral seja apenas um intermediário e que o registro das ligações poderá levá-los aos verdadeiros interessados nos dados da filha de Serra.
A polícia esperava ouvir Atella ontem, mas ele não compareceu ao depoimento a que havia espontaneamente combinado ir.


Colaboraram ROGÉRIO PAGNAN e ANDRÉ CARAMANTE, de São Paulo


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