São Paulo, terça-feira, 10 de agosto de 2010

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ANÁLISE

Exposta às contradições, petista recorre à tergiversação

JOSIAS DE SOUZA
DE BRASÍLIA

Submetido a 12 minutos de contraditório, o discurso ensaiado de Dilma Rousseff se liquefez sobre a bancada do "Jornal Nacional".
A presidenciável foi inquirida sobre algumas das principais incongruências e debilidades que a cercam. Ao responder, tergiversou.
Beneficiária da popularidade de seu cabo eleitoral, foi questionada sobre o outro lado da moeda. Se eleita, não terá em Lula um "tutor"?
Poderia ter respondido com um simples "não". Preferiu desconversar. "As pessoas têm de escolher o que eu sou", rodeou. Queixou-se:
Ora dizem que "sou uma mulher forte" ora que "tenho tutor". Em vez de se definir, açulou a dúvida. Disse ter "imenso orgulho" da relação com Lula, "um grande líder".
Foram ao ar os nomes que se escondem sob as siglas reunidas na megacoligação de Dilma: Jader Barbalho, Renan Calheiros, a família Sarney, Collor. Quando o PT errou, ontem ou hoje?
Impossibilitada de se dissociar dos apoiadores que, no passado, o petismo tachava de "oligarcas" e "ladrões", deu ao fisiologismo um apelido novo: amadurecimento.
"O PT não tinha experiência de governo, agora tem", ela tentou justificar.
Na versão edulcorada da candidata, o apoio seria desinteressado. O governo tem uma "diretriz", disse. Quem apoia sujeita-se. A lorota não resiste a uma passada de olhos pelo organograma do Estado, apinhado de apoiadores graciosos.
Dona de temperamento mercurial, Dilma foi instada a dizer como conciliará o pavio curto com o traquejo político que se exige de um presidente. Reconheceu-se como "pessoa firme". Em seguida, escorou a firmeza na muleta usual: "Nós, do governo Lula, somos do diálogo".
A entrevista evidenciou que o treinamento a que a marquetagem submete Dilma vale só até certo ponto. O ponto de interrogação.


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