São Paulo, quarta-feira, 10 de novembro de 2010

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Nas nuvens com Dilma

Presidente eleita diz não ter medo de avião, confidencia que usa um "remedinho francês" para dormir e sempre viaja com 3 livros na bagagem

Catia Seabra/Folhapress
Dilma Rousseff na cabine da primeira classe do voo que a levou a Frankfurt

CATIA SEABRA
ENVIADA ESPECIAL A FRANKFURT

Dilma Rousseff não viaja se não tiver três livros na bagagem. Diz não sentir mais medo de voar e confidencia que recorre a um "remedinho francês" para insônia.
Mal entra no voo da TAM com destino a Frankfurt, a presidente eleita vai para o banheiro da cabine reservada à primeira classe, onde tira as lentes de contato, calça um par de meias verdes e veste o pijama marrom ofertado pela companhia aérea.
A Folha viajou ao lado de Dilma durante as 11 horas de voo entre Brasil e Alemanha. Dilma conversou sobre meditação e livros, aceitou posar para fotos, mas fez um pedido: "Não vá tirar uma foto minha dormindo. Todo mundo baba enquanto dorme".
Após vestir o pijama, Dilma recomenda que o ministro da Fazenda, Guido Mantega, o único a acompanhá-la na cabine, faça o mesmo: "Guido, não vai vestir pijama? Dê um M para ele", diz a uma comissária de bordo.
É fim da noite de segunda-feira, e Dilma está a bordo do voo JJ 8070 da TAM. Da Alemanha, conexão para Seul, na Coreia do Sul, onde chegaria no início da madrugada de hoje para reunião do G20.
Já com o pijama, Dilma reclina seu assento a quase 180 graus. Coloca um fone de ouvido com neutralizador de som externo para assistir ao clássico "Casablanca" (1942), de Michael Curtiz.
Eleita após uma campanha tensa e recheada de troca de acusações com a oposição, Dilma se esforça para não mostrar preocupação com zonas de turbulência.
Com o cinto permanentemente afivelado, afunda-se na poltrona e segura o encosto com as mãos: "Já tive medo de avião. Agora, com tanto tempo de voo, não dá. Viajei muito em cabine. Reduz o medo", afirma a petista.
A um mês e meio de assumir a Presidência, Dilma não parece perder o sono. "Não tenho esse problema", diz, confidenciando o uso do tal remedinho francês.
"Se tomo um remédio forte, não consigo acordar no dia seguinte", afirma.
Dilma dormiu durante 7 das 11 horas. Para que tivesse privacidade, improvisou-se uma cortina de madrugada.
Ela promete dedicar mais que os atuais 40 minutos à meditação transcendental, que consiste na reprodução mental de um mantra. "Para mim, é um mergulho. É muito importante", diz a presidente eleita, antes de uma breve pausa. "Corpo: esporte e caminhada. Para a cabeça, o mergulho", prossegue.
Ela lembra que o ex-prefeito de Recife João Paulo (PT) é adepto da meditação. "Ele já plantou uma bananeira na minha frente enquanto meditava", diz, aos risos.
Apesar da fartura do cardápio da primeira classe, Dilma não exagera. No jantar, come frutas e bebe água. No café da manhã, café, pão de queijo e croissant.
Na bagagem, carrega um iPad (computador portátil da Apple) e três livros. "Se eu não tiver três livros, sei lá. Não fico bem", afirma.
Dilma enaltece autores angolanos, rasga elogios ao belga Georges Simenon e admite que dormiu na segunda página de um de livro do mexicano Carlos Fuentes.
Ao longo do voo, troca três vezes de roupa: de blazer para o pijama; do pijama para um moletom, e, enfim, para uma capa de inverno.
Ela mesma arruma a bagagem. Aberta sobre o assento, a mala expõe detalhes da presidente: além dos livros, cremes e maquiagem.
Dilma só se retrai numa conversa ao pé do ouvido com Guido Mantega: "Ele [sabe-se lá quem ou o que] é o pior de todos", cochicha.


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