São Paulo, sexta-feira, 10 de dezembro de 2010 |
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PRESIDENTE 40 A TRANSIÇÃO Governo encobre atraso em obra do PAC Programa termina gestão do presidente Lula com 32% de obras inacabadas; oficialmente, conclusão está em 82% Dados foram inflados porque governo reduziu a projeção das obras que deveriam ter sido concluídas neste ano
LEILA COIMBRA JULIANA ROCHA SIMONE IGLESIAS DE BRASÍLIA O governo federal apresentou ontem um balanço final dos quatro anos do PAC (Programa de Aceleração do Crescimento) inflado e maquiado, que encobre atrasos nas principais obras. Encerrando o ciclo de governo Lula, o PAC está com 32% das obras inacabadas. Oficialmente, o relatório com o andamento do programa diz que 82% das obras foram concluídas no prazo previsto e 94% do dinheiro foi liberado (o que inclui as obras que ainda estão em andamento). Os números foram inflados porque o governo reduziu a projeção das obras que deveriam ter sido concluídas em 2010. Assim, o índice de sucesso aumentou. No balanço do PAC, em abril, a meta de execução era maior que a apresentada neste fim de ano e de mandato. Uma análise dos dados mostra que R$ 115 bilhões em investimentos passaram a ser classificados como obras que deveriam ser feitas após 2010. O balanço anterior não trazia essa distinção, quando todo o valor de R$ 656 bilhões estava incluído no cronograma entre 2007 e 2010. O ministro do Planejamento, Paulo Bernardo, anunciou que até o último dia de dezembro terão sido investidos sob o PAC R$ 619 bilhões entre projetos concluídos e em andamento. O detalhamento financeiro mostra, porém, que 35% desse montante são de "financiamento a pessoa física". Ou seja, são operações de crédito que o sistema financeiro faria sem o PAC. As estatais terão que desembolsar R$ 26,9 bilhões entre novembro e dezembro. O governo entraria com R$ 3,8 bilhões e os financiamentos a pessoa física responderiam por R$ 19,1 bilhões. O governo também maquia os resultados carimbando obras que na realidade estão atrasadas com o selo de "verde", que significaria que o cronograma está em dia. É o caso do trem-bala, cuja licitação foi adiada para o próximo ano. Mesmo assim, a obra permanece como se estivesse no prazo normal. A Folha mostrou ao longo dos quatro anos do PAC a recorrente utilização deste tipo de maquiagem. Em respostas anteriores, a Casa Civil negou maquiagem de dados. Pela primeira vez presente a um balanço do PAC, o presidente Lula disse que desistiu de ter uma meta no Minha Casa, Minha Vida, que, no começo, previa a construção de um milhão de casas. "Não quis dar prazo porque a manchete do dia seguinte seria: "Lula fracassa. Prometeu em um ano e foi em um ano e uma hora"." Texto Anterior: Presidente 40/A Transição: Dilma chama mulher para cuidar de juros Próximo Texto: Análise: Poucos números bastam para um balanço real do programa Índice | Comunicar Erros |
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