São Paulo, sexta-feira, 10 de dezembro de 2010

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ANÁLISE

Poucos números bastam para um balanço real do programa

GUSTAVO PATU
DE BRASÍLIA

A encenação com cifras grandiloquentes, selos coloridos e desfile de ministros quase faz esquecer que há um balanço real a ser feito da parte verdadeira do PAC.
Espuma publicitária à parte, o programa lançado há quatro anos é, basicamente, uma reconfiguração do Orçamento federal para expandir os investimentos em infraestrutura e sustentar um crescimento mais duradouro da economia do país.
Seriam contidas as despesas com a folha de salários e os programas de renda, para evitar a necessidade de aumento da carga tributária. Recursos destinados ao abatimento da dívida pública poderiam cair, se a finalidade fosse investir mais.
A expansão das obras públicas, a estabilidade dos tributos e a queda dos juros deveriam impulsionar o setor privado. A taxa de investimento brasileira, uma das mais baixas do mundo, deveria chegar a um quarto da renda nacional.
Assim haveria produção suficiente para atender à escalada do consumo das famílias, sem inflação provocada por escassez de oferta de bens e serviços nem disparada das importações.
As verbas orçamentárias para estradas, ferrovias portos, aeroportos, habitação e saneamento de fato tiveram alta aguda, na casa dos 75% acima da taxa de crescimento da economia. Quando se olham valores, no entanto, apenas passaram de baixíssimas para muito baixas -ou de 0,74% para cerca de 1,3% do Produto Interno Bruto estimado neste ano.
As despesas permanentes com pessoal, previdência, seguro-desemprego e assistência a idosos e deficientes, que deveriam ficar estáveis, cresceram até mais, de 12,55% para 13,39% do PIB.
Pouco antes do balanço oficial do PAC em Brasília, o IBGE divulgou no Rio o dado que bastava: a economia cresce, mas a taxa de investimento ainda está em 19,4% da renda nacional, longe dos 25% almejados.
Não é por outro motivo que já está na agenda do próximo governo uma nova elevação de juros do Banco Central para esfriar o consumo e controlar o aumento da inflação e das importações.


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