São Paulo, terça-feira, 14 de dezembro de 2010 |
Texto Anterior | Próximo Texto | Índice | Comunicar Erros
ANÁLISE Executivo dificilmente vai apostar e deve vetar proposta de legalização LUIZ GUILHERME PIVA ESPECIAL PARA A FOLHA Os que defendem a legalização dos bingos e outros jogos -que são, sobretudo, aqueles interessados em explorar o negócio- argumentam que eles geram ocupação, enfraquecem o mercado ilegal de apostas e arrecadam recursos que o governo poderá usar em saúde, educação etc. Apresentam-se ainda como defensores da liberdade individual. Os que são contrários, predominantes entre os chamados formadores de opinião, sustentam que a atividade é bancada por recursos ligados a tráfico, roubo, contrabando e desvios e que é fonte de corrupção de autoridades de vários tipos. Há ainda condenações de caráter moral, relativas ao vício e à exploração da boa-fé de apostadores. A observação do que ocorre na maior parte dos países em que os jogos são legalizados e do que ocorreu durante o funcionamento legal dos bingos no Brasil entre 1993 e 2004 dá razão aos dois lados. Há exemplos e argumentos em igual número para ambos. Dependendo de quem sorteia e canta as pedras, dará a quina ou mesmo a cartela cheia para um ou outro. No campo político, no entanto, a experiência brasileira recente oferece muito mais danos do que benefícios. Muito do noticiário de escândalos políticos do período remetia aos bingos e às suspeitas de corrupção e de lavagem de dinheiro de origem criminosa. Mesmo assim, a possibilidade de legalização conta com muitos apoios entre os parlamentares. A tendência do Congresso é aprovar a legalização. A pressão dos interessados é grande e o projeto requer apenas maioria simples para aprovação. Também conta o fato de os parlamentares poderem apregoar -como quem sorteia "a boa"- os argumentos do primeiro parágrafo e o direito dos que acham que poderão, com uns trocados, ganhar uma TV ou um reforço de caixa. A tendência do Executivo, porém, se o projeto passar na Câmara e no Senado, é vetar a proposição. Conhece o potencial de problemas que o tema abriga e dificilmente vai querer apostar num jogo de azar -ainda mais no início do mandato da presidente Dilma. LUIZ GUILHERME PIVA é diretor da LCA Consultores. Publicou "A Miséria da Economia e da Política" (Manole). Texto Anterior: Técnicos do governo tentam barrar liberação de bingos Próximo Texto: Decisão do TJ deve liberar vaga a Maluf Índice | Comunicar Erros |
Copyright Empresa Folha da Manhã S/A. Todos os direitos reservados. É proibida a reprodução do conteúdo desta página em qualquer meio de comunicação, eletrônico ou impresso, sem autorização escrita da Folhapress. |