São Paulo, terça-feira, 15 de março de 2011

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Filha de Roriz admite uso de caixa dois em campanha

Flagrada recebendo dinheiro, Jaqueline pede licença da Câmara por 5 dias

STF afirma que há indício de crime, e deputada agora é suspeita de apropriação de recursos públicos

DE BRASÍLIA

Flagrada recebendo dinheiro das mãos do delator do mensalão do DEM, a deputada Jaqueline Roriz (PMN-DF) admitiu ontem que recebeu caixa dois para bancar a própria campanha eleitoral de 2006, quando foi eleita deputada distrital.
Ela anunciou ainda que, "por recomendação médica", licenciou-se da Câmara por cinco dias.
A nota na qual Jaqueline afirma não ter registrado na Justiça Eleitoral repasses de campanha foi divulgada duas horas antes de o STF (Supremo Tribunal Federal) afirmar que há "indícios de crime" e transformar Jaqueline em investigada por suspeita de apropriação indevida de dinheiro público.
Ontem, o procurador-geral da República, Roberto Gurgel, afirmou que o delator do escândalo, Durval Barbosa, disse em depoimento que os recursos entregues a Jaqueline teriam origem ilícita. Barbosa declarou ainda ter feito mais repasses de dinheiro para a deputada, e não somente o registrado em vídeo.
Além de denunciar o esquema de corrupção no DF, o delator registrou em vídeo cenas de desvio de recursos públicos que derrubaram o governador José Roberto Arruda e o vice Paulo Octávio.
Gurgel contou que o vídeo de Jaqueline foi entregue à Procuradoria no final de fevereiro. Barbosa alegou que o vídeo estava "perdido".
A Câmara dos Deputados instala amanhã o novo Conselho de Ética da Casa, que poderá, no mesmo dia, analisar a situação da deputada.
Deputados federais do DF reforçaram o pedido de abertura do processo depois de denúncia que Jaqueline teria usado R$ 1.120,74 da verba indenizatória da Câmara para pagar condomínio de imóvel que pertence à empresa do marido, Manoel Neto.
A empresa, Ideias Multi Service, foi beneficiada durante a gestão de Arruda com programa de isenção fiscal para a aquisição de terrenos públicos. Uma das enteadas de Jaqueline, sócia dessa empresa, chegou a ser nomeada por ela quando cumpria mandato na Câmara distrital.
Jaqueline ainda mantém, lotada em seu gabinete, a tia dos filhos de seu primeiro casamento, com um médico de Goiânia.
Trata-se de Ana Rezende, secretária parlamentar desde os tempos de Câmara do DF, que foi contratada com cargo comissionado na Câmara dos Deputados.
Ana é cunhada do ex-marido da deputada e afirma que cumpre expediente como assessora legislativa, cargo compatível com sua formação em direito. Não há na Câmara nenhuma regra que regule contratação de familiar por afinidade.
(FERNANDA ODILLA, FILIPE COUTINHO, MÁRCIO FALCÃO E MARIA CLARA CABRAL)


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