São Paulo, quarta-feira, 15 de setembro de 2010

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PRESIDENTE 40 ELEIÇÕES 2010

Nota oficial do governo chama Serra de "aético e já derrotado"; oposição reage

Texto assinado por Erenice afirma que acusações são "tentativa desesperada" de quem "o povo tem rejeitado"

Lula manda que PF e Controladoria-Geral da União entrem no caso; campanha de Dilma não gostou do tom da nota


SIMONE IGLESIAS
VALDO CRUZ
FÁBIO AMATO

DE BRASÍLIA

Em nota com o timbre da Presidência da República, a ministra-chefe da Casa Civil, Erenice Guerra, classificou o tucano José Serra de "candidato aético e já derrotado" e relacionou as acusações contra ela e seu filho a uma "exploração político-eleitoral".
O texto, assinado pela própria ministra, aponta uma "impressionante e indisfarçável campanha de difamação" contra ela e sua família, na "tentativa desesperada da criação de um "fato novo" que anime aqueles a quem o povo brasileiro tem rejeitado".
Apesar da referência direta ao tucano, a nota não cita nominalmente Serra.
O teor político da nota reflete o ânimo de duas reuniões feitas ontem pelo presidente Lula com sua equipe, quando acusou duramente a revista "Veja" de fazer acusações pela "metade" -referência à reportagem que mostra o filho de Erenice atuando como lobista.
A reportagem da revista diz que Israel, filho da ministra, apressou a renovação da licença da empresa de carga aérea MTA na Agência Nacional de Aviação Civil.
À Folha, o empresário Fábio Baracat e o diretor de Operações dos Correios, Eduardo Artur Rodrigues Silva, confirmaram que Israel intermediava interesses de empresas no governo.
Nas reuniões antes da nota, Lula havia criticado o candidato do PSDB ao dizer que ele usava "acusações sem provas" para minar Dilma.
O tom da nota, porém, desagradou o comando da campanha de Dilma.
A Folha apurou que assessores dela avaliaram que o texto é "despropositado" e passa a impressão de que o governo "está de salto alto".
A Polícia Federal abriu inquérito para investigar se houve tráfico de influência por parte do filho da ministra. A Controladoria-Geral da União também vai apurar.
Nas reuniões no Palácio do Planalto, Lula reafirmou sua disposição de manter a ministra no cargo, mas assessores disseram à Folha que isso pode mudar caso surjam fatos novos que possam prejudicar a campanha de Dilma.

TEMPERATURA
O acirramento político também incluiu a oposição.
O ex-presidente Fernando Henrique Cardoso chamou ontem Lula de "chefe de facção" e o comparou ao ex-ditador italiano Benito Mussolini, líder do fascismo.
José Serra mostrou na TV vídeo em que o ex-ministro José Dirceu chama Dilma de "camarada de armas".
O presidente de honra do partido, Jorge Bornhausen, disse ontem que o petista tem o hábito de "ingerir bebida alcoólica" antes de comícios e segue "práticas nazistas".
Era uma referência à declaração de Lula na véspera, em comício em Joinville (SC), ao lado de Dilma, quando o presidente afirmou que é preciso "extirpar" o DEM da política brasileira.
"Aconselho Lula a não faltar com a verdade, a não inaugurar obras inacabadas e a não ingerir bebida alcoólica antes dos comícios."
Dilma defendeu Lula. Ela afirmou ser "sobrevivente do processo de extermínio" pregado por Bornhausen.
Em 2005, o ex-senador escreveu que o país ficaria "livre dessa raça", numa referência ao PT.


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