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PRESIDENTE 40 ELEIÇÕES 2010
Nota oficial do governo chama Serra de "aético e já derrotado"; oposição reage
Texto assinado por Erenice afirma que acusações são "tentativa desesperada" de quem "o povo tem rejeitado"
Lula manda que PF e Controladoria-Geral da União entrem no caso;
campanha de Dilma não gostou do tom da nota
SIMONE IGLESIAS
VALDO CRUZ
FÁBIO AMATO
DE BRASÍLIA
Em nota com o timbre da
Presidência da República, a
ministra-chefe da Casa Civil,
Erenice Guerra, classificou o
tucano José Serra de "candidato aético e já derrotado" e
relacionou as acusações contra ela e seu filho a uma "exploração político-eleitoral".
O texto, assinado pela própria ministra, aponta uma
"impressionante e indisfarçável campanha de difamação" contra ela e sua família,
na "tentativa desesperada da
criação de um "fato novo" que
anime aqueles a quem o povo brasileiro tem rejeitado".
Apesar da referência direta ao tucano, a nota não cita
nominalmente Serra.
O teor político da nota reflete o ânimo de duas reuniões feitas ontem pelo presidente Lula com sua equipe,
quando acusou duramente a
revista "Veja" de fazer acusações pela "metade" -referência à reportagem que
mostra o filho de Erenice
atuando como lobista.
A reportagem da revista
diz que Israel, filho da ministra, apressou a renovação da
licença da empresa de carga
aérea MTA na Agência Nacional de Aviação Civil.
À Folha, o empresário Fábio Baracat e o diretor de
Operações dos Correios,
Eduardo Artur Rodrigues Silva, confirmaram que Israel
intermediava interesses de
empresas no governo.
Nas reuniões antes da nota, Lula havia criticado o candidato do PSDB ao dizer que
ele usava "acusações sem
provas" para minar Dilma.
O tom da nota, porém, desagradou o comando da
campanha de Dilma.
A Folha apurou que assessores dela avaliaram que o
texto é "despropositado" e
passa a impressão de que o
governo "está de salto alto".
A Polícia Federal abriu inquérito para investigar se
houve tráfico de influência
por parte do filho da ministra. A Controladoria-Geral da
União também vai apurar.
Nas reuniões no Palácio do
Planalto, Lula reafirmou sua
disposição de manter a ministra no cargo, mas assessores disseram à Folha que isso
pode mudar caso surjam fatos novos que possam prejudicar a campanha de Dilma.
TEMPERATURA
O acirramento político
também incluiu a oposição.
O ex-presidente Fernando
Henrique Cardoso chamou
ontem Lula de "chefe de facção" e o comparou ao ex-ditador italiano Benito Mussolini, líder do fascismo.
José Serra mostrou na TV
vídeo em que o ex-ministro
José Dirceu chama Dilma de
"camarada de armas".
O presidente de honra do
partido, Jorge Bornhausen,
disse ontem que o petista tem
o hábito de "ingerir bebida
alcoólica" antes de comícios
e segue "práticas nazistas".
Era uma referência à declaração de Lula na véspera,
em comício em Joinville (SC),
ao lado de Dilma, quando o
presidente afirmou que é preciso "extirpar" o DEM da política brasileira.
"Aconselho Lula a não faltar com a verdade, a não
inaugurar obras inacabadas
e a não ingerir bebida alcoólica antes dos comícios."
Dilma defendeu Lula. Ela
afirmou ser "sobrevivente do
processo de extermínio" pregado por Bornhausen.
Em 2005, o ex-senador escreveu que o país ficaria "livre dessa raça", numa referência ao PT.
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