São Paulo, quinta-feira, 16 de setembro de 2010

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"Laranja" tinha R$ 50 mi em imóveis

Autoridades que desviavam dinheiro no Amapá escondiam patrimônio; PF quer localizar recursos públicos

Justiça libertou 12 presos, mas governador e ex-governador vão permanecer pelo menos mais 5 dias na prisão


DE BRASÍLIA
DO ENVIADO ESPECIAL A MACAPÁ

A Polícia Federal está à procura de laranjas das autoridades do Amapá presas na Operação Mãos Limpas. A intenção é conseguir identificar para onde foi o dinheiro dos recursos públicos desviados pelos suspeitos.
A Folha apurou que pelo menos uma pessoa foi identificada escondendo patrimônio de uma das autoridades investigadas. Só esse laranja teria em seu nome imóveis avaliados em R$ 50 milhões em várias cidades do país.
Na sexta-feira, a PF iniciou a operação em que 18 pessoas foram presas temporariamente, entre elas o governador Pedro Paulo Dias (PP), candidato à reeleição, o ex-governador Waldez Goes (PDT), candidato ao Senado, e o presidente do TCE, José Júlio de Miranda.
Ontem, 12 pessoas foram liberadas pela Justiça, mas o governador e o ex-governador, o presidente do TCE e outras três pessoas permanecerão pelo menos mais cinco dias presos. A PF avalia que a quadrilha pode ter desviado mais de R$ 300 milhões.
O inquérito da PF aponta que o presidente do TCE autorizou saques de dinheiro em espécie de R$ 7,5 milhões num período de 14 meses das contas da instituição. Dentro do período de saques, Miranda depositou R$ 1,2 milhões de volta nas contas do órgão.
A Folha procurou, mas não conseguiu contato com os advogados de Miranda.

IMPEACHMENT
Apesar de ver motivos para o impeachment do governador, o presidente da Assembleia do Amapá e concorrente de Dias na disputa pelo governo, Jorge Amanajás (PSDB), afirmou à Folha que não há tempo hábil para finalizar o processo.
Isso significa que, "[o pedido de impedimento feito pela oposição] não deverá ter nenhum resultado prático", afirmou Amanajás.
Como presidente da Casa, caberá a ele comandar todo o processo, que demorará "no mínimo, uns quatro meses".
"Então não há tempo hábil, na verdade, para finalizar todo o processo, já que temos apenas três meses e meio aí de mandato do atual governador. E, se fizer à pressas, sem obedecer aos trâmites, ele [processo] volta."
Ontem à tarde, três dos presos em Brasília que foram libertados chegaram a Macapá (AP). Não falaram com a imprensa. (DIMMI AMORA, LUCAS FERRAZ e JOÃO CARLOS MAGALHÃES)


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