|
Texto Anterior | Próximo Texto | Índice
PRESIDENTE 40 ELEIÇÕES 2010
Presidenciáveis recorrem a repeteco
Sem criatividade ou apressados para fixar mensagem, principais candidatos abusam da mesmice em discursos
Bordões e histórias contadas à exaustão reforçam no imaginário do eleitor temas e fazem lembrar presidente Lula
FLÁVIA FOREQUE
JOHANNA NUBLAT
RANIER BRAGON
DE BRASÍLIA
Acostumado à famoso -e
repetitiva- sentença "nunca
antes na história deste país",
marca do presidente Luiz
Inácio Lula da Silva, o eleitor
brasileiro não ficará órfão
dos bordões.
É o que prometem Dilma
Rousseff (PT), José Serra
(PSDB) e Marina Silva (PV),
principais candidatos à Presidência, que já repetem
exaustivamente algumas
frases de efeito e ideias nos
diversos eventos dos quais
participam. Em alguns casos,
mais de uma vez por dia.
Sem tempo para utilizar a
criatividade, os candidatos
passaram a adotar fórmulas
com as quais conseguem
passar, sem erro, a mensagem que lhes interessa.
Além disso, reforçam no
imaginário do eleitor determinados temas.
A possibilidade de uma
mulher ocupar, pela primeira vez, a Presidência da República, por exemplo, é assunto recorrente nos discursos da candidata petista.
Para enfatizar a importância da escolha, a ex-ministra
já contou em diferentes momentos o encontro que teria
tido com a pequena Vitória
-os detalhes do diálogo é
que variam de acordo com o
momento da narrativa.
A história foi a cereja do
bolo da convenção nacional
do PT, em junho, que homologou o nome de Dilma e o do
vice Michel Temer (PMDB) à
disputa presidencial num
concorrido evento realizado
em Brasília.
Para fixar a imagem que
Dilma pretendia passar, ao final do evento, o palco foi invadido por meninas que usavam a faixa presidencial.
A candidata do PT também não se cansa de carimbar seu perfil como sendo a
principal gestora de Lula.
"Eu coordenei todos os
programas do governo" é
uma frase recorrente nos discursos da petista.
REALIZAÇÕES
Os feitos na vida pública
também inspiram a repetição
do candidato tucano.
José Serra costuma retornar à década de 80 para destacar o que ele considera como uma das suas grandes
realizações.
"Fiz a emenda constitucional que permitiu criar o Fundo de Amparo ao Trabalhador, que paga o seguro desemprego" é frase sempre
presente, com pequenas variações na formulação.
Para descontrair a plateia,
Serra recorre a uma técnica
amplamente usada pelo presidente Lula: comparações
futebolísticas.
Os discursos seguem a lógica de que política não é
"Fla-Flu" e deve estar dissociada da "cor da camisa partidária". "Cor de camisa, só
de time de futebol", já brincou o tucano.
EMOÇÃO
A candidata verde não fica
atrás na formulação das frases de efeito durante a campanha eleitoral.
O tom emotivo aliado ao
jogo de palavras são os recursos mais frequentes em seu
repertório.
É com uma dessas frases
repetidas que Marina tenta
colar no eleitor que ela é a sucessora de Lula -e não apenas uma simples continuadora ou, ao contrário, opositora do governo do PT.
CONFUSÃO
Em alguns momentos, entretanto, a própria candidata
se confunde com o trocadilho criado.
A explicação do que seria o
"ganhar ganhando" ou o
"ganhar perdendo" numa
eleição -referência ao nível
do debate na campanha- é
um exemplo dessa confusão.
José Serra
(PSDB)
PAVOR DE AGULHA
Fui
ministro da
Saúde quatro
anos, sem saber
aplicar uma
injeção. Olha, eu
não aguento nem
ver aplicar
injeção, me dá
tontura
Rádio Metrópole, abril
Só quero
dizer que eu não
sei aplicar uma
injeção. E,
quando eu vejo
aplicar uma
injeção, já me dá
um mal-estar
Itatiaia, abril
Eu tenho
um certo
medinho, pra ser
bem sincero,
apesar de ter sido
ministro da
Saúde. Eu não
gosto nem de ver
espetar a injeção
"CQC", da
Bandeirantes,maio
ORIGEM HUMILDE
Eu nasci
num bairro em
SP, que era
operário, na
Mooca. Morava
numa vila,
dessas de
casinha de
quarto e sala
Itatiaia, abril
Eu sou de
família pobre,
morava num bairro
operário de São
Paulo e, lá,
chegaram os
primeiros
migrantes
nordestinos
No Minuto (RN), abril
A minha
família é pobre. Eu
morava num bairro
operário de SP, que
era o berço da
industrialização
de SP e do Brasil
Rádio Jornal
Pernambuco, maio
Dilma Rousseff
(PT)
TUDO MEU
Eu integrei
o governo,
coordenei os
programas de
governo,
participei de
cada uma das
etapas
Rio de Janeiro, maio
Coordenei
os programas e
participei
diretamente de
vários deles
sabatina na CNI, maio
Nos
últimos cinco
anos e meio, eu
coordenei todos
os programas
do governo Lula
"Roda Viva", da TV
Cultura, junho
MENINA PODE?
Apareceu
uma menina com
a mãe. Chamava-se
Vitória, e a
mãe disse : ‘Eu a
trouxe aqui para
você dizer a ela
que menina
pode’. Ela queria
dizer que menina
pode ser
presidente do
Brasil
"SBT Brasil", maio
Uma senhora
bem nova, com
uma filha, disse:
‘Eu trouxe a
Vitória aqui pra
que você diga para
ela que mulher
pode’. Eu
perguntei:
‘Vitória, mulher
pode o quê?’ A
mãe respondeu:
‘Ela quer ser
presidente’
Canal Amazon Sat, junho
Eu perguntei
para a menina:
‘Mulher pode o
quê?’ E ela: ‘Ser
presidente’. Aí, eu
disse: ‘Pode sim,
não tenha dúvida
que pode’
convenção do PT, junho
Marina Silva
(PV)
A SUCESSORA
Ele não
precisa apenas
de um
continuador. O
presidente Lula
precisa de um
sucessor
sabatina da Folha,
junho
Eu
aprendi com o
próprio
presidente
Lula que você
precisa num
determinado
momento de
um sucessor
Globonews, junho
Eu tenho
me colocado
nessa linha de
sucessão, de
ser a sucessora
do presidente
Lula
rádio Joven Pan,
junho
CURTO PRAZO LONGO
É disso que
o Brasil precisa:
compromissos
com política de
longo prazo,
para os nossos
curtos prazos
políticos
congresso de
Secretarias Municipais
de Saúde, em Gramado
(RS), maio
Política de
longo prazo para
o curto prazo dos
políticos em
lugar de política
de curto prazo
para longo prazo
para os políticos
visita ao Inpe, junho
Acabar com
a política de
curto prazo para
alongar o prazo
dos políticos.
Essa é a minha
lógica
debate na UnB, junho
Texto Anterior: Marina reclama de "baixarias" e critica preparo de Indio Próximo Texto: Filme sobre vida de Lula tem exibição nos EUA ameaçada Índice
|