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929 votos e uma preocupação
Bolsa Família e Dilma, a "mulher do Lula", fazem a cabeça de Anhanguera, menor colégio eleitoral do país
Aparecido Pereira, ao
lado da mãe, Carmem
Rosa, na porta de sua
casa, em Anhanguera
LUCAS FERRAZ
ALAN MARQUES
ENVIADOS ESPECIAIS A
ANHANGUERA (GO)
Nascido em uma família
toda batizada com nomes de
ex-presidentes, Getúlio contrariou a vontade dos irmãos
Juscelino, Jânio e João, e resolveu apostar na política.
Nas últimas eleições, conseguiu um feito: além de conquistar o quinto mandato seguido de vereador, com a votação recorde de sua carreira
(63 votos), ainda teve força
política para ajudar a eleger
para a Câmara Municipal um
genro e um sobrinho.
O atarracado Getúlio, 55,
viu rápido o caminho do sucesso eleitoral em Anhanguera."Faço tudo para as
pessoas, a qualquer hora."
A minúscula cidade de
1.018 habitantes no sudeste
de Goiás tem o menor colégio
eleitoral do país: 929 pessoas. Sem oportunidades na
iniciativa privada, quase
20% da população trabalha
na prefeitura. Já o programa
Bolsa Família beneficia 56 famílias (cerca de 200 pessoas). A decadência econômica do lugar transforma essas duas fontes de renda em
poderosas armas eleitorais.
"Aqui a gente vota na mulher do Lula", afirma Elaine
Santos, 29, uma das beneficiárias do Bolsa Família.
Entre as mais de 50 pessoas ouvidas pela Folha na
cidade, somente um fisioterapeuta (eleitor de José Serra)
e um forneiro da única indústria local, que apoia Marina
Silva (PV), não citaram Dilma Rousseff (PT) como a preferida para o Planalto.
"Voto em quem o patrão
manda", diz Fábio Felice, 53,
o fisioterapeuta serrista que
trabalha na prefeitura. Como
entrega seu Fiat Uno, ele faz
campanha, a pedido do prefeito Wander Pereira, para
Marconi Perillo (PSDB), candidato ao governo estadual.
"Dilmarillo"
Líder nas pesquisas, o ex-governador é um dos políticos mais citados pela população, grata pelo asfalto que
colocou no principal acesso à
cidade. Surge o voto "Dilmarillo" (ou "Peridilma").
"Lula fez muito pelos pobres. Acho que a assessora
dele vai continuar a nos dar
atenção", afirma Aparecido
Pereira, 46, desempregado e
pai de cinco filhos que diz viver do Bolsa Família.
Apesar do sucesso da candidata do Lula, o presidente,
em 2006, perdeu ali para Geraldo Alckmin (PSDB) por 95
votos no primeiro turno
-mas bateu o tucano por 43
votos no segundo.
A polarização local, contudo, é entre o PMDB e o PSDB,
hoje ligado ao PTB do atual
prefeito. Pereira foi eleito em
2008 por 20 votos. "A população depende do poder público para tudo", diz.
Entre suas atribuições, os
políticos anhanguerinos citaram reparo de telhados, pagamento de velórios ou fornecimento de transporte -às
vezes no próprio carro- para
cidades da região.
Getúlio tem outro segredo
para o sucesso na cidade pequena: família grande. Em
2012, tentará a prefeitura.
"Os três netos já terão idade
de votar. E tem outra vindo.
Sabe o nome? Dilma. Vou
manter a tradição familiar."
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