São Paulo, terça-feira, 19 de outubro de 2010

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Serra acoberta investigação, diz Dilma

No "JN", petista acusa tucano de encobrir suposto pagamento de propina no governo de SP ao ex-assessor Paulo Preto

Candidata diz que se opõe pessoalmente ao aborto, mas que é contra prender mulheres que já passaram por isso

BERNARDO MELLO FRANCO
DE SÃO PAULO

A presidenciável Dilma Rousseff (PT) acusou ontem o adversário José Serra (PSDB) de "acobertar" a suspeita de pagamento de propina a Paulo Vieira de Souza, o Paulo Preto, em obras de sua gestão no governo paulista.
O ex-diretor da Dersa é citado na Operação Castelo de Areia da Polícia Federal e, segundo reportagem da revista "IstoÉ", teria desviado doações da campanha de Serra.
Dilma fez o ataque em entrevista ao "Jornal Nacional", ao ser questionada sobre suspeitas de tráfico de influência que derrubaram a ex-ministra Erenice Guerra (Casa Civil). Ela disse que o caso está sendo investigado, e que os tucanos não teriam feito o mesmo com a "acusação gravíssima" contra Souza.
"Ele cuidava das mais importantes obras do governo de São Paulo. Até agora não houve uma investigação e não houve um processo, pelo contrário. Então há uma diferença entre quem investiga e pune e quem acoberta e não pune. Quem acoberta e cria uma coisa de tranquilidade."
Sobre Erenice, Dilma afirmou que "as pessoas podem errar" e que "ninguém controla o governo inteiro". "Não tem como você saber que a pessoa vai errar ou não a priori. O que você tem de garantir é que haja punição."
Ela disse não ver contradição entre suas declarações a favor da legalização do aborto e a carta divulgada na semana passada em que se compromete a, se eleita, não sancionar mudanças na lei.
Segundo Dilma, o aborto é uma "violência contra a mulher", mas "ninguém em sã consciência pode defender a prisão das mulheres que o praticam". "Minha posição sempre foi a seguinte: você não pode prender as mulheres. Não se trata de prender as mulheres, se trata de cuidar delas", afirmou.
Ela acrescentou que um presidente "não pode fingir que não existem milhões de mulheres que recorrem ao aborto". "Ninguém em sã consciência vai propor prender 3,5 milhões de mulheres." Segundo o Ministério da Saúde, 5,3 milhões (e não 3,5 milhões) de brasileiras já teriam praticado aborto.
"Eu não concordo com a mudança da legislação, que prevê aborto em caso de estupro e risco de vida na mulher. Há uma forma de a gente conduzir isso sem alteração."
Dilma ainda defendeu a atuação do deputado Ciro Gomes (PSB-CE) como um dos coordenadores de sua campanha. Em abril, ele chamou o PMDB, que a apoia, de "ajuntamento de assaltantes". A petista atribuiu o ataque a uma mágoa "pela circunstância que o levou a não ser candidato [ao Planalto]".
Antes do "JN", ela criticou a vinculação de tucanos com a gráfica que produzia panfletos acusando-a de ser favorável ao aborto, revelada ontem pela Folha.
"Se confirmadas as ligações com o PSDB, será lamentável", afirmou a petista.
Ela disse respeitar a neutralidade da ex-presidenciável Marina Silva e do PV no segundo turno: "A gente tem de considerar que recebi vários apoios de dirigentes e militantes do partido."


Colaboraram PLÍNIO FRAGA e ITALO NOGUEIRA , do Rio


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