|
Texto Anterior | Próximo Texto | Índice | Comunicar Erros
OPINIÃO
Dilma não lida bem com as contradições da ex-Dilma
JOSIAS DE SOUZA
DE BRASÍLIA
Dilma Rousseff foi reapresentada na noite passada, no
"Jornal Nacional", a uma velha conhecida: a ex-Dilma
Rousseff.
São duas personagens distintas. A nova Dilma, candidata ao Planalto pelo PT, não
sabe como lidar com as contradições da ex-Dilma.
Recordou-se à candidata
que sua alter-ego defendera a
descriminalização do aborto.
A neo-Dilma se absteve de
prover uma explicação sobre
a mudança de opinião.
Ofereceu-se a ela uma segunda oportunidade. A carta-rendição aos evangélicos
não é "contradição"?
A nova Dilma refugou a
oferta: "Não vejo contradição". Disse: Não se pode
prender 3,5 milhões de mulheres. Aborto é caso de saúde pública, não de polícia.
Nenhuma palavra sobre a
descriminalização de que falava a ex-Dilma. A nova Dilma é contra a modificação da
lei. Às favas com os vídeos
que expõem o contrário.
O maior problema é que as
contradições foram demarcadas com zelo. Revelaram-se também no Erenicegate.
A ex-Dilma se autoproclamava supergerente. Desde a
Casa Civil, coordenava todo o
governo Lula. Nada parecia
figir-lhe do campo de visão.
Súbito, descobriu-se que
Erenice Guerra, sua ex-braço
direito, empregara parentes
e facilitara tráfico de influência. Sob o nariz da ex-Dilma.
Instada a comentar o malfeito, a nova Dilma revelou-se uma gestora comum.
"Ninguém controla o governo inteiro. O que tem que ter
é a garantia de que, havendo
o malfeito, você investiga."
Antes que soasse o gongo
da entrevista, foi à bancada o
nome de Ciro Gomes (PSB-CE). Aliado que já dissera:
"Serra é mais preparado".
A neo-Dilma, mais compreensiva, admitiu-o na
coordenação da campanha.
A dúvida que remanesce é:
se as urnas sorrirem para a
pupila de Lula, quem governará, a Dilma ou a ex-Dilma?
Texto Anterior: Comissão mantém processo de petista sob sigilo Próximo Texto: Caso de panfletos é "lamentável", diz candidata Índice | Comunicar Erros
|