São Paulo, segunda-feira, 20 de setembro de 2010

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Cinegrafista se nega a gravar comício e é advertido

DE BRASÍLIA

A ordem de usar estrutura do governo para filmar os comícios de Dilma Rousseff e os discursos de Lula em todos os eventos de campanha gerou problemas entre a chefia e funcionários da emissora oficial NBR.
Alguns cinegrafistas não concordaram com a determinação e se negaram a filmar os atos de campanha -tanto a presidencial quanto as estaduais com a presença do presidente.
A Folha conversou com um desses servidores. Ele mostrou a advertência que recebeu. Pediu para não ter o nome publicado, com receio de sofrer outra retaliação.
Ele contou que estava acompanhando um comício de Lula e Dilma no Nordeste com a câmera desligada. Segundo ele, um assessor de imprensa da Presidência perguntou se estava gravando.
Quando ele respondeu que não, o assessor teria determinado que gravasse tudo. O cinegrafista alega que se recusou a filmar e foi ameaçado de demissão.
O assessor André Barrocal confirmou ter feito o pedido ao cinegrafista e disse que estava zelando pelo cumprimento do contrato da EBC com a Secretaria de Comunicação da Presidência.
Ao voltar a Brasília, o cinegrafista recebeu advertência assinada pelo diretor de serviços da NBR, José Roberto Barbosa Garcez. A justificativa no texto, ao qual a Folha teve acesso: "Desobedecer ordens superiores da Gerência de TV e da Gerência Executiva de Produção da Diretoria de Serviços".
O texto avisa também que a "pena disciplinar" constaria do histórico funcional do cinegrafista -medida que impede o servidor de ser promovido ou de receber aumento salarial por um ano.
O funcionário disse à Folha não ter sido chamado pela chefia para dar sua versão. Depois do episódio, em julho, os cartazes com a determinação foram pendurados na sede da estatal.
A Folha conversou com outro cinegrafista, que também pediu para não ter o nome divulgado. Ele não pôde acatar a ordem de filmar um comício de Dilma porque a câmera estava sem bateria, depois do registro da íntegra um evento oficial de Lula.
O servidor diz que foi ameaçado de demissão e advertido verbalmente. (SI)


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