São Paulo, quinta-feira, 21 de abril de 2011

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Dividido, BC eleva juros a taxa menor que a esperada

Alta de 0,25 ponto percentual leva Selic a 12%, maior patamar em dois anos

Em comunicado, Copom indica que novas altas de juros poderão ser adotadas para reduzir a inflação até 2012

LORENNA RODRIGUES
DE BRASÍLIA
MARIANA SCHREIBER
DE SÃO PAULO

O Banco Central aumentou ontem pela terceira vez consecutiva a taxa básica de juros (Selic), que passou de 11,75% para 12% ao ano.
A alta ficou abaixo da expectativa de parte do mercado financeiro, que apostava em um aumento de 0,5 ponto percentual.
Ontem, no entanto, alguns analistas já tinham revisado suas projeções para uma alta de 0,25 ponto.
De acordo com essas previsões, um novo aumento idêntico deverá ser anunciado na próxima reunião, que ocorre em junho.
A decisão do Copom (Comitê de Política Monetária do BC) não foi unânime. Cinco diretores votaram em favor da alta de 0,25 ponto percentual e outros dois pelo aumento de 0,5 ponto.
O grupo não se dividia desde março de 2010.
No comunicado divulgado ontem, o Copom disse que a decisão considerou o risco de alta da inflação, os sinais ainda "incertos" de redução do crescimento do país e as incertezas do cenário externo.
No texto, o BC sinaliza ainda que serão necessárias novas medidas de aperto monetário para trazer a inflação para o centro da meta em 2012. Para os economistas, isso indica que podem ocorrer novas altas de juros.
Desde o fim de 2010, o BC e a equipe econômica do governo vêm tomando medidas para tentar conter o crescimento econômico e a pressão sobre os preços.
Até agora, porém, a inflação não deu sinais de arrefecimento. A prévia da inflação oficial divulgada ontem (IPCA-15) acumula alta de 6,44% nos últimos 12 meses, bem próximo ao teto da meta do BC para 2011, de 6,5%.
Nas três reuniões do comitê no governo Dilma Rousseff, a taxa de juros foi aumentada. Com a elevação de ontem, chega ao maior patamar desde março de 2009.

MERCADO
Apesar de o Banco Central ter optado por reduzir o ritmo de alta dos juros, analistas avaliaram positivamente a sinalização de que o ciclo de elevação da Selic não será interrompido agora.
Economista sênior do banco português BES Investimento, Flávio Serrano considera que a decisão pode ser mais eficiente para conter a piora das expectativas de inflação que uma elevação de meio ponto percentual, que indicaria o fim do ciclo.
Ele diz que conter expectativas também é importante para segurar a inflação.
"Como o BC reduziu o passo, mas mostrou a intenção de continuar o ajuste, criou uma certa incerteza. De repente, ele pode subir de 0,25 em 0,25 até 13%", disse.
Para Serrano, no entanto, o mais provável é que o BC promova apenas mais uma alta de 0,25 em junho e talvez mais uma em julho.
Após o comunicado do BC, o estrategista-chefe do banco WestLB, Roberto Padovani, também deu como certa mais uma alta de 0,25 e considerou possíveis outras duas.
"Os sinas de desaquecimento da economia no varejo, na indústria e no mercado de trabalho ainda são muito incipientes. Não dá pra saber ainda qual vai ser o tamanho da desaceleração. Não é hora de parar a alta dos juros", disse Padovani.


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