|
Texto Anterior | Próximo Texto | Índice | Comunicar Erros
ANÁLISE
PF realiza investigação de conveniência
Órgão se submete a interesses do PT ao afirmar não ter sido comprovado o uso de dados fiscais em campanha
"INVESTIGADORES", GOVERNO E PARTIDO NEGLIGENCIAM HIPÓTESE QUE ACOMODA CASO NO COMITÊ DE DILMA
|
JOSIAS DE SOUZA
DE BRASÍLIA
Na condução de um inquérito policial, o investigador
precisa raciocinar com hipóteses. Desde as mais amplas
até as mais específicas.
No Fiscogate, o campo para a escolha de hipóteses é
vasto, já que ninguém sabe
aonde quer chegar a Polícia
Federal de Lula.
Ao "investigar" a violação
fiscal de pessoas ligadas ao
tucano José Serra, a PF reuniu indícios relevantes.
Na melhor das hipóteses, a
encrenca estaria elucidada.
Na pior das hipóteses, não.
Tomada pela fala de seu diretor-geral, a PF agarrou-se à
primeira alternativa.
"Não foi comprovada utilização [dos dados fiscais] em
campanha política", disse
Luiz Fernando Corrêa.
Com essa frase, o manda-chuva da PF revelou-se um
delegado precário. Submete
o trabalho de sua corporação
às conveniências do comitê
petista de Dilma Rousseff.
Chama-se Amaury Ribeiro
Jr. o pivô do inquérito da PF.
Descobriu-se que ele encomendou dados fiscais. Coisa
de outubro de 2009.
O PT vendeu a tese de que
Amaury, em depoimento,
dissera ter agido para "proteger" Aécio Neves de Serra.
Hoje sabe-se que não há
menção a Aécio no inquérito.
Mas a PF, o PT e Lula decretaram: os sigilos foram
violados em meio a uma disputa de Aécio e Serra. Mediam forças pela vaga de presidenciável do PSDB.
Agarrados à hipótese específica, "investigadores",
governo e partido negligenciam a mais ampla, que evolui para 2010 e acomoda o caso no comitê de Dilma.
Amaury Ribeiro Jr. tomou
parte de reuniões de um
"grupo de inteligência" da
pré-campanha da pupila de
Lula. Mas isso não parece interessar à PF.
Ao ser inquirido, Amaury
disse que Rui Falcão (PT-SP),
personagem da campanha
de Dilma, roubou informações de seu laptop. A PF dá
de ombros.
Amaury insinua que os dados surrupiados de seu computador foram convertidos
em dossiê. Não deu queixa à
polícia. Faltou-lhe nexo.
Para o governo, Amaury só
merece ser ouvido nos trechos em que fala de Aécio. Os
pedaços do inquérito que remetem ao comitê não merecem existir.
O que a PF faz em reação
às pressões do governo e do
PT é o que deixa de fazer por
convicção, compromisso
com a verdade ou precaução.
Texto Anterior: Para Guerra, depoimento mostra que PT montou farsa Próximo Texto: Jornal nega ter pago viagens de Amaury Índice | Comunicar Erros
|