São Paulo, sexta-feira, 22 de outubro de 2010

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Jornal nega ter pago viagens de Amaury

Quando foi a São Paulo para obter quebra de sigilo, jornalista estava de férias e, logo depois, pediu demissão

"Estado de Minas" diz que não bancou viagens de setembro a outubro de 2009; fatura foi feita em nome de funcionário

LEONARDO SOUZA
FERNANDO RODRIGUES

DE BRASÍLIA

O jornalista Amaury Ribeiro Jr. estava em férias quando encomendou e, segundo a Polícia Federal, pagou pela violação do sigilo fiscal de parentes e pessoas próximas a José Serra (PSDB).
Ao voltar das férias, uma semana após ter obtido os documentos fiscais dos tucanos, Amaury deixou seu emprego no jornal "Estado de Minas", sem aviso prévio.
Amaury fez parte do "grupo de inteligência" da pré-campanha de Dilma Rousseff (PT). Conforme a Folha revelou em junho, os dados fiscais sigilosos dos tucanos foram parar num dossiê que circulou entre esse grupo.
Em depoimento à PF, o despachante paulista Dirceu Garcia admitiu que recebeu R$ 12 mil em dinheiro de Amaury para comprar as declarações de renda das pessoas próximas a Serra.
De acordo com registros trabalhistas, Amaury foi contratado pelo "Estado de Minas" em setembro de 2006.

FÉRIAS
No dia 25 de setembro de 2009 saiu em férias por um período que iria até 14 de outubro. No dia 15 do mesmo mês, quando teria de voltar ao trabalho, pediu demissão.
Foi nas férias que os sigilos tucanos foram violados em agências da Receita Federal -a filha de Serra, Veronica, por exemplo, teve a declaração de IR copiada ilegalmente em 30 de setembro.
Foi nas férias, também, que Amaury foi a São Paulo recolher documentos reunidos pelo despachante Garcia.
Não está claro até aqui quem pagou por essas viagens de Amaury. À PF, o repórter disse que teve as despesas de viagem e obtenção de documentos custeadas pelo "Estado de Minas".
Em nota, o jornal negou que tenha pago viagens do repórter entre 25 de setembro e 14 de outubro de 2009. "Nenhuma viagem do jornalista no período em questão foi custeada pelo jornal", diz.
Em outro texto, anteontem, o jornal disse que, enquanto trabalhou lá, Amaury não produziu nenhuma reportagem sobre as quebras.
Na relação de voos compilada pela PF, o "Estado de Minas" aparece como pagador das viagens do repórter até agosto. Nos meses seguintes (e durante as férias), quem mandou emitir os bilhetes e quitou essas despesas foi um funcionário do jornal que intermedeia as compras em agências de turismo.
Cinco delas foram pagas em dinheiro -e 11 foram faturadas depois que Amaury deixou a empresa. Em depoimento à PF, Amaury confirmou que conhecia o despachante e que encomendou buscas em juntas comerciais, mas negou a compra de documentos sigilosos e desconversou sobre o pagamento.


Colaboraram a Sucursal de Brasília e a Agência Folha em Belo Horizonte


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