São Paulo, segunda-feira, 22 de novembro de 2010

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Secretário de Cabral é citado em lista de repasses de empreiteira

No total de R$ 843,5 mil, pagamentos da Camargo Corrêa teriam ligação com o metrô do Rio

Papéis apreendidos pela PF na Castelo de Areia poderiam comprovar suborno e caixa dois em campanha eleitoral

Divulgação
Wilson Carlos de Carvalho, secretário de Governo de Cabral

RUBENS VALENTE
DE BRASÍLIA

Braço direito do governador reeleito do Rio de Janeiro, Sérgio Cabral (PMDB), Wilson Carlos de Carvalho caiu na rede da Castelo de Areia -investigação da Polícia Federal que teve como foco operações supostamente irregulares da Camargo Corrêa em obras públicas.
Carvalho foi coordenador da campanha de Cabral à reeleição e é seu secretário de Governo.
A pedido da Procuradoria da República de São Paulo, procuradores no Rio apuram indícios de pagamento de R$ 843,5 mil a Carvalho, em 2008, pela Camargo Corrêa, o que estaria relacionado a contratos das obras do metrô do Rio de Janeiro.
A Castelo de Areia e seus desdobramentos, contudo, estão suspensos por uma liminar obtida em janeiro no STJ (Superior Tribunal de Justiça) pela empreiteira.
Carvalho trabalha com Cabral há mais de 13 anos. Em 1997, foi chefe de gabinete do então deputado estadual fluminense. No ano seguinte, coordenou sua campanha à reeleição e, em 2002, a campanha ao Senado, onde foi assessor parlamentar.
Em 2006, também esteve na coordenação da campanha vitoriosa de Cabral a governador, tornando-se secretário de Governo, um dos cargos mais cobiçados.
Neste ano, Carvalho deixou o posto para coordenar a campanha para a reeleição de Cabral, mas já retornou à Secretaria de Governo.
A Camargo Corrêa doou R$ 1 milhão para a campanha à reeleição de Cabral, segundo dados da Justiça Eleitoral.

"SECRET WILSON"
O nome de Carvalho surgiu na Operação Castelo de Areia a partir de uma análise realizada pela PF em documentos apreendidos na casa do consultor Pietro Francesco Gavina Bianchi, em São Paulo. Bianchi foi diretor e atualmente é consultor da Camargo Corrêa.
Segundo interceptações telefônicas feitas pela PF em 2009, o ex-diretor guardava em casa documentos que poderiam comprovar irregularidades, como caixa dois eleitoral e suborno.
A PF então invadiu a casa de Bianchi, com ordem judicial, e apreendeu diversos manuscritos e tabelas com nomes de políticos que teriam recebido ajuda financeira da Camargo Corrêa -parte dos pagamentos foi feita durante as eleições de 2006 e registrada na Justiça Eleitoral.
Cinco papéis rubricados por Bianchi, segundo a PF, citam Wilson Carvalho, sempre relacionando-o ao metrô do Rio. Ele é identificado como "Wils", "Wilson", "secret Wilson" e, num deles, especificamente como "secret. Gov Wilson". Na época, Carvalho comandava a Secretaria de Governo.
Os documentos falam do pagamento de "parcelas" de uma suposta "dívida" da empreiteira referente ao metrô. Uma tabela indica que seriam 12 mensalidades em 2008. Os valores corresponderiam a 5% do total recebido a cada mês pela Camargo Corrêa em supostos contratos para execução de obras.
Os papéis que citam Carvalho trazem as datas de 25 de fevereiro (R$ 167,5 mil), 25 de março (R$ 165 mil), 27 de abril (R$ 166,5 mil), 26 de maio (R$ 167,5 mil) e 25 de novembro (R$ 177 mil), num total de R$ 843,5 mil.
O suposto pagamento de R$ 166,5 mil, de abril, aparece ainda em outro documento. Trata-se da fotografia de um papel, achada em um pen drive na casa de Bianchi, que registra quatro operações de remessas a contas bancárias abertas na China e em Hong Kong em nome de empresas offshore.
Num dos cantos desse papel aparece a sigla "RIM", que, segundo a PF, é o código da obra do "Rio-Metrô", ao lado das palavras "leão" e "avestruz".


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