São Paulo, terça-feira, 26 de julho de 2011

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Após pressão, Pagot deixa Dnit aplaudido

Diretor-geral apostava em esfriamento da crise para permanecer no cargo, mas o Planalto forçou sua demissão

Na despedida, Pagot discursa para 400 servidores e afirma que órgão é feito por pessoas que trabalham muito

DE BRASÍLIA

Pressionado pelo Palácio do Planalto a deixar o governo, Luiz Antonio Pagot encerrou suas férias e oficializou ontem a saída da diretoria-geral do Dnit (Departamento Nacional de Infraestrutura de Transportes).
Pagot enviou pela manhã uma carta à presidente Dilma Rousseff. Em seguida, reuniu funcionários para uma despedida, na qual defendeu o órgão e foi aplaudido.
Indicado pelo PR, ele é o 17º a perder um cargo depois de ser envolvido nas acusações de superfaturamento de obras e pagamento de propina no setor de Transportes.
Sua saída conclui uma etapa do processo de "faxina" ordenada pela presidente Dilma e posta em prática pelo ministro Paulo Sérgio Passos, também filiado ao PR.
A crise derrubou, além de Pagot, mais dois diretores e dois servidores só na cúpula da autarquia. Agora, o Dnit, que é um órgão colegiado, está com apenas dois dos sete diretores.
Sem o quadro completo, o trabalho no órgão ficará prejudicado. Eles não poderão deliberar, por exemplo, sobre temas como mudanças em obras em curso, novas licitações e fiscalizações.
Segundo o Dnit, as obras já em curso não serão prejudicadas, pois só dependem das superintendências regionais.

NOVOS DIRETORES
Em entrevista na semana passada, Dilma afirmou que quer enviar ao Senado, para sabatina, o nome do novo indicado na próxima semana.
Segundo assessores, ela tem tratado com o ministro Passos o preenchimento dos cargos. Além da secretaria-executiva da pasta, estão vagos cargos na cúpula do Dnit e da Valec, órgãos vinculados aos Transportes.
O único nome ventilado até o momento para a vaga de Pagot é o do gerente da ANTT (Agência Nacional de Transportes Terrestres), Deuzedir Martins.
A demissão de Pagot foi negociada com o Planalto. Ele fazia parte do primeiro grupo de servidores afastados por determinação de Dilma por conta do escândalo.
O ex-diretor, no entanto, relutou em sair e, em vez de se desligar do cargo, decidiu entrar em férias por 30 dias. A ideia era ganhar fôlego para voltar se a crise esfriasse.
Ontem, Pagot se reuniu com o ministro Gilberto Carvalho (Secretaria-Geral da Presidência) e deixou com ele a carta para Dilma, que estava em viagem.

DESPEDIDA
No fim da manhã de ontem, o agora ex-diretor se reuniu cerca de 400 servidores no auditório do órgão. Voltou a rebater a manifestação do ministro Jorge Hage (Controladoria Geral da União) e disse que a corrupção não está no DNA do Dnit. "O Dnit é feito por gente que trabalha muito", disse.
Ainda reclamou da falta de estrutura e destacou que o órgão é responsável pelo PAC (Programa de Aceleração do Crescimento), principal programa de investimento do governo. Saiu de lá, segundo relatos, aplaudido de pé.
O ex-diretor foi o único dos envolvidos no suposto esquema a falar no Congresso sobre as suspeitas de corrupção. Pagot negou envolvimento nas acusações e deixou de lado as ameaças feitas nos bastidores, evitando envolver outros ministros no escândalo, como Paulo Bernardo (Planejamento).
Pagot, no entanto, afirmou na Câmara ter "convicção absoluta" de que a presidente "sabia de tudo" que acontecia no Ministério dos Transportes.
(MÁRCIO FALCÃO, ANA FLOR E CAROLINA SARRES)


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