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Ministros do STF acham que Peluso errou
Ao dizer que iria revisar súmula antinepotismo após contratar casal, presidente do STF sinalizou infração à regra
Integrantes do Supremo avaliam que súmula foi malfeita, mas temem que a corte se desgaste se tentar alterá-la agora
FELIPE SELIGMAN
DE BRASÍLIA
Na avaliação de ministros
do STF (Supremo Tribunal
Federal), o presidente Cezar
Peluso cometeu um "erro político" ao propor modificar a
súmula vinculante sobre o
nepotismo logo após a Folha
revelar a contratação de um
casal para duas coordenadorias do tribunal.
Até ontem, Peluso não tinha enviado sua sugestão de
nova redação para a regra
aos colegas, e alguns deles
acreditam que ele não irá enviar sua ideia pelo menos por
enquanto.
Ao assumir a presidência,
ele nomeou José Fernandes
Nunes Martinez, servidor
concursado da Polícia Civil
de São Paulo, para chefiar a
Coordenadoria de Segurança
de Instalação e Transporte do
STF, e sua mulher, Márcia
Maria Rosado, que não é servidora pública, para a Coordenadoria de Processamento
de Recursos.
Para isso, foi requisitado
um parecer à assessoria jurídica do tribunal, obtido pela
Folha, que considerou legal
aquela contratação por não
haver subordinação hierárquica entre o casal.
A interpretação, porém,
contraria o entendimento
utilizado até hoje por CNJ
(Conselho Nacional de Justiça), Senado e Poder Executivo, que entendem como nepotismo casos praticamente
idênticos ao do casal nomeado no STF.
Em nota divulgada na semana passada, o Supremo
afirmou que Cezar Peluso encaminharia "aos senhores
ministros proposta fundamentada de revisão da redação da mesma súmula, para
restringi-la aos casos verdadeiros de nepotismo, proibidos pela Constituição da República".
Ministros ouvidos pela Folha afirmam que o erro ocorreu ao dizer que iria revisar a
redação da súmula. Com isso, o presidente do tribunal
praticamente admitiu que teria violado a regra da forma
em que está escrita.
Ou seja, se em sua opinião
a súmula permite a contratação de um casal que não tenha relação hierárquica entre si, não seria preciso modificar sua redação.
Não é de hoje, porém, que
os integrantes do Supremo
acreditam que a súmula foi,
de fato, mal escrita e precisaria ser refeita. Mesmo assim,
afirmam que defenderão que
essa mudança não ocorra
agora, na tentativa de evitar
um desgaste ainda maior.
A avaliação é que, ao discutir o tema nesse momento,
o Supremo passaria o recado
de que "liberou geral".
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