São Paulo, sexta-feira, 30 de setembro de 2011

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Banco Central admite inflação maior

Instituição aumenta projeção deste ano para 6,4%, mas prevê que a crise global ajudará a conter os preços em 2012

Relatório indica que Copom voltará a reduzir a taxa de juros nas próximas reuniões, mas em ritmo 'moderado'

EDUARDO CUCOLO

DE BRASÍLIA

O Banco Central indicou ontem que voltará a reduzir a taxa básica de juros para evitar que a economia brasileira esfrie demais, apesar dos riscos que isso pode criar para o controle da inflação.
Em relatório apresentado ontem, o BC prevê que o agravamento da crise na Europa e nos Estados Unidos fará a economia mundial perder fôlego e isso ajudará a conter as pressões sobre os preços no Brasil mesmo se os juros forem reduzidos.
O Banco Central aumentou sua projeção para a inflação deste ano de 5,8% para 6,4%. Analistas do mercado financeiro prevêem que ela ultrapassará o teto da meta fixada pelo governo para este ano, 6,5%.
O relatório também reviu a previsão do BC para o crescimento da economia brasileira neste ano, de 4% para 3,5%, como o presidente da instituição, Alexandre Tombini, já havia indicado que seria feito.
De acordo com o documento, o BC acredita ter margem de manobra para promover cortes "moderados" nos juros nas próximas reuniões do Copom (Comitê de Política Monetária).
O Copom baixou a taxa básica de juros para 12% em agosto e voltará a se reunir em outubro. Analistas do mercado financeiro especularam nos últimos dias sobre a possibilidade de uma redução da taxa para 11% na próxima reunião.
O relatório do BC prevê que a inflação será reduzida para 4,7% no ano que vem, ficando próxima do centro da meta estabelecida pelo governo, 4,5%.
"A expectativa é que haja queda da inflação no mundo em 2012, não só no Brasil. Certamente, isso não vai vir da política monetária [aumento dos juros]", disse o diretor de Política Econômica do BC, Carlos Hamilton.
Hamilton afirmou que a crise nos países desenvolvidos "piorou demais", o que contribuirá para reduzir a inflação mundial, mesmo que não haja calote de países ou quebra de grandes bancos.
Sobre o crescimento menor previsto para o Brasil, o diretor afirmou que principalmente a indústria, mas também o setor de serviços, vão crescer menos. O BC detectou ainda reajustes salariais menores. O consumo das famílias e do governo será maior que o esperado anteriormente, ao contrário do investimento, que vai crescer menos.
Por isso, segundo Hamilton, não há espaço para o país crescer mais sem gerar pressões inflacionárias. "Estamos crescendo de acordo com a nossa capacidade de investir", afirmou o diretor.
Em outro evento, o presidente do BC, Alexandre Tombini, afirmou que o Brasil estava crescendo "acima de seu potencial" no primeiro semestre.
De acordo com Tombini, que fez palestra para executivos em Curitiba, foi determinada uma "moderação do crescimento" a partir do segundo semestre, em função dos elevados índices de inflação.
"Tivemos de fazer com que crescesse mais em linha com a capacidade de crescimento e conter a propagação de alguns preços", afirmou.
Por isso, avalia o presidente do BC, deve haver queda da inflação nos próximos meses. "Agora a inflação está chegando a seu pico. Depois, entra numa trajetória de queda em direção ao centro da meta."

Colaborou ESTELITA HASS CARAZZAI, de Curitiba


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