São Paulo, sábado, 30 de outubro de 2010

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ANÁLISE DEBATE

Programa teve o que faltou na campanha: questões do Brasil real

As estrelas do último debate não foram os candidatos, mas os eleitores, que abordaram problemas do país


DILMA PASSOU UMA IMAGEM MAIS POLÍTICA, SERRA FOI MAIS PROFESSORAL; COMO NÃO HOUVE NOCAUTE, RESULTADO FAVORECE A PETISTA, 12 PONTOS À FRENTE

ELIANE CANTANHÊDE
NO RIO

Os eleitores indecisos dos diferentes Estados trouxeram finalmente para a eleição presidencial o que os programas do horário gratuito na TV e os debates diretos entre os dois candidatos escondiam: os problemas reais do Brasil. E eles são bastante parecidos de Norte a Sul.
Se na propaganda de Dilma Rousseff (PT) e de José Serra (PSDB) abundam cores, músicas, sucessos e trocas de acusações, as perguntas de ontem na Rede Globo foram sobre temas bem concretos: saneamento, educação, desemprego, violência, impostos, meio ambiente.
A eleitora de Minas falou dos hospitais entupidos de pessoas tratadas como "animais", e a da Bahia contou que a filha pedagoga não encontra emprego.
O entrevistador do Pará perguntou sobre queimadas, desmatamento e poluição de rios, e a representante do Rio demonstrou indignação por morar ao lado de um "valão" imundo.
Do Paraná, veio a pergunta sobre o excesso de impostos, para pouco retorno em serviços. Do Rio Grande do Sul, a queixa de que os jovens são empurrados do campo para as cidades.
E não faltou uma pergunta sobre corrupção, feita, ora, ora, pelo eleitor indeciso do Distrito Federal.
Foi o momento em que as cutucadas entre Dilma e Serra ficaram mais evidentes. Ela lembrou do escândalo dos "sanguessugas", da época em que Serra era ministro da Saúde do governo de Fernando Henrique Cardoso (1995-2002).
E Serra falou, não do "mensalão", mas dos "aloprados", quando uma mala de dinheiro foi capturada com petistas contra a campanha de tucanos em 2006.
Nem nesse momento surgiram dois nomes-chaves da campanha: Erenice Guerra, a sucessora de Dilma suspeita de nepotismo e de tráfico de influência na Casa Civil, e o de "Paulo Preto", que teria desviado R$ 4 milhões da campanha de Serra.
O aborto? Ninguém perguntou e, claro, Dilma e Serra deixaram isso para lá, já que ninguém lucra, nem em voto, nem em credibilidade.
Como desempenho, Dilma parecia mais à vontade e até sorria com um assessor minutos antes do início do programa, enquanto Serra parecia mais tenso. Dilma passou uma imagem mais política, Serra foi mais professoral.
Como não houve nocaute, o resultado favorece Dilma, que tem 12 pontos à frente nos votos válidos, segundo o último Datafolha.
As estrelas do debate de ontem à noite, porém, não foram os candidatos, foram os eleitores.


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