Ribeirão Preto, Terça-feira, 02 de Dezembro de 2008

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Proporção de gays com Aids avança na região

Grupo, estigmatizado pela doença nos anos 1980, volta a preocupar o Estado

Embora a doença tenha se disseminado por outras faixas da população, a taxa de homossexuais infectados registra alta


JULIANA COISSI
DA FOLHA RIBEIRÃO

Taxados como o primeiro grupo de risco da Aids nos anos 1980, quando a doença chegou a ser chamada de "peste gay", os homossexuais voltam a ser alvo de preocupação. Entre 1998 e 2006, cresceu a proporção de novos casos entre gays na região e no Estado, principalmente entre jovens, apesar de a doença recuar ano a ano.
É o que revelam os dados do programa estadual de DST/ Aids. Há dez anos, os gays representavam 10% dos novos casos -em 2006, passaram a ser 12% do total de infectados; em números absolutos, eram 789 novos registros.
Ontem, foi Dia Mundial de Luta Contra a Aids. No DRS (Departamento Regional de Saúde) de Ribeirão, os homossexuais passaram de 5,4% do total de casos em 1998 para 5,5% em 2006. No DRS de Araraquara, o aumento foi maior -de 6,7% para 9,3% do total.
As cidades que respondem pela maior alta no período são Araraquara (de 4% para 8,9%), São Carlos (de 9,2% para 13,2%) e Ribeirão (de 5,1% para 6,2%). Já os DRS de Franca e Barretos tiveram queda -de 7,1% para 1,5% e de 7,1% para 5,3%, respectivamente.
Depois do primeiro estigma na figura dos gays, a Aids se disseminou entre a população. Hoje, os heterossexuais são maioria entre os novos casos, como mulheres casadas e idosos. "Mas não deixou de ser preocupante entre os homossexuais, principalmente jovens", disse a coordenadora estadual, Maria Clara Gianna.
Para a coordenadora do programa em Ribeirão, Fátima Neves, a preocupação com os jovens gays está relacionada ao contexto histórico. "Ao contrário dos anos 80, parece que os jovens homossexuais de hoje não estão tão engajados."
O assistente social Luis Antonio Jorge de Castro, do Gapa-RP (Grupo de Apoio à Prevenção à Aids de Ribeirão), discorda: "Não há mais grupo de risco, o que há são comportamentos de risco e isso não depende de gênero ou orientação sexual."


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