Ribeirão Preto, Segunda-feira, 09 de Março de 2009

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Presas de Cajuru estão com sarna em cadeia superlotada

Delegado responsável diz que excesso de pessoas é o motivo de a doença ter se alastrado

Seis das nove cadeias da região estão com maior número de presas do que suportam; apenas uma unidade não está lotada

BRUNA SANIELE
GEORGE ARAVANIS
DA FOLHA RIBEIRÃO

Setenta e cinco presas da cadeia de Cajuru estão com sarna. A superlotação pode ser a origem da epidemia.
O local tem capacidade para 20 presas e atualmente abriga 97 mulheres. Onze delas já foram condenadas e deveriam ter sido transferidas para penitenciárias do Estado. Das nove cadeias da região, pelo menos seis têm excesso de presas, segundo informações obtidas com funcionários.
"Não é possível tratar um ser humano assim. É preciso criar condições para melhorar o ambiente das presas", diz o coordenador regional da Defensoria Pública de São Paulo, Victor Hugo Albernaz Júnior, que visitou a cadeia de Cajuru na última semana.
Além da superlotação, as mulheres sofrem com o calor excessivo e há possibilidade de incêndios. Cerca de 70% das presas do local são provenientes de Ribeirão Preto.
"A superlotação é a causa da doença. A cadeia de Cajuru é a que mais recebe presas aqui", diz o delegado Paulo José Esteia Piçarro, responsável pela cadeia da cidade.
De acordo com Piçarro, a cadeia tem quatro celas que deveriam abrigar 5 presas cada uma, mas que alojam entre 21 e 25 mulheres. Algumas dormem no corredor da cadeia. Não há nenhuma reforma prevista, ampliação ou transferência da cadeia, segundo ele.
A Defensoria irá pedir a liberdade provisória ou habeas corpus para as mulheres que não têm advogado. Segundo Albernaz Júnior, não foi cogitado solicitar o fechamento da cadeia ou a transferência das presas porque as unidades da região estão superlotadas e não teriam como abrigar as presas de Cajuru.
A Folha entrou em contato com todas as nove cadeias femininas da região de Ribeirão Preto e verificou por meio de informações de funcionários que seis delas estão superlotadas e apenas uma abriga menos presas que a capacidade. Em Ribeirão Bonito, há 25 presas e o local comporta 28 mulheres. As cadeias públicas das cidades de Fernando Prestes e Terra Roxa não informaram o número atual de presas.
A SSP (Secretaria do Estado de Segurança Pública) foi questionada sobre as condições da cadeia de Cajuru e informou que a Vigilância Sanitária foi procurada após a infestação da doença e todas as medidas necessárias foram tomadas para a higiene e tratamento das presas. A assessoria não confirmou a superlotação nas cadeias.


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