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Presas de Cajuru estão com sarna em cadeia superlotada
Delegado responsável diz que excesso de pessoas é o motivo de a doença ter se alastrado
Seis das nove cadeias da região estão com maior número de presas do que suportam; apenas uma unidade não está lotada
BRUNA SANIELE
GEORGE ARAVANIS
DA FOLHA RIBEIRÃO
Setenta e cinco presas da cadeia de Cajuru estão com sarna.
A superlotação pode ser a origem da epidemia.
O local tem capacidade para
20 presas e atualmente abriga
97 mulheres. Onze delas já foram condenadas e deveriam ter
sido transferidas para penitenciárias do Estado. Das nove cadeias da região, pelo menos seis
têm excesso de presas, segundo
informações obtidas com funcionários.
"Não é possível tratar um ser
humano assim. É preciso criar
condições para melhorar o ambiente das presas", diz o coordenador regional da Defensoria
Pública de São Paulo, Victor
Hugo Albernaz Júnior, que visitou a cadeia de Cajuru na última semana.
Além da superlotação, as mulheres sofrem com o calor excessivo e há possibilidade de incêndios. Cerca de 70% das presas do local são provenientes de
Ribeirão Preto.
"A superlotação é a causa da
doença. A cadeia de Cajuru é a
que mais recebe presas aqui",
diz o delegado Paulo José Esteia Piçarro, responsável pela
cadeia da cidade.
De acordo com Piçarro, a cadeia tem quatro celas que deveriam abrigar 5 presas cada uma,
mas que alojam entre 21 e 25
mulheres. Algumas dormem no
corredor da cadeia. Não há nenhuma reforma prevista, ampliação ou transferência da cadeia, segundo ele.
A Defensoria irá pedir a liberdade provisória ou habeas
corpus para as mulheres que
não têm advogado. Segundo Albernaz Júnior, não foi cogitado
solicitar o fechamento da cadeia ou a transferência das presas porque as unidades da região estão superlotadas e não
teriam como abrigar as presas
de Cajuru.
A Folha entrou em contato
com todas as nove cadeias femininas da região de Ribeirão
Preto e verificou por meio de
informações de funcionários
que seis delas estão superlotadas e apenas uma abriga menos
presas que a capacidade. Em
Ribeirão Bonito, há 25 presas e
o local comporta 28 mulheres.
As cadeias públicas das cidades
de Fernando Prestes e Terra
Roxa não informaram o número atual de presas.
A SSP (Secretaria do Estado
de Segurança Pública) foi questionada sobre as condições da
cadeia de Cajuru e informou
que a Vigilância Sanitária foi
procurada após a infestação da
doença e todas as medidas necessárias foram tomadas para a
higiene e tratamento das presas. A assessoria não confirmou a superlotação nas cadeias.
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