Ribeirão Preto, Sábado, 19 de Junho de 2010

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154 ANOS ESTRANGEIROS

Apenas o sotaque une alemão a suas origens

Professor da USP de Ribeirão conta que ficou "mais leve e menos rígido'

Nem com brasileiros nem com alemães: pesquisador acha que taça da Copa da África vai ficar com italianos

COLABORAÇÃO PARA A FOLHA,
DE RIBEIRÃO PRETO

Em 1982, quando veio pela primeira vez ao Brasil, o professor Klaus Hartmann Hartfelder não poderia imaginar a quantidade de milhas aéreas que acumularia no trajeto entre Ribeirão e Tuebingen, na Alemanha, cidade onde se formou em biologia, fez mestrado e doutorado.
Naquele ano, ao desembarcar para um intercâmbio no Departamento de Genética da USP, o alemão mal sabia, mas estava selando seu futuro nos trópicos e dando início a sua vida em versão tupiniquim.
Aos 28 anos, o professor precisava aumentar o intercâmbio com pesquisadores brasileiros para concluir seu doutorado. Na primeira vez em Ribeirão, ficou no Departamento de Genética da USP. Do alto, pela janela do avião, lembra de ter visto apenas cana-de-açúcar.
Na faculdade, conheceu a futura mulher, Maria José Alves da Rocha, professora de fisiologia da Faculdade de Odontologia -eles se casaram em 1985.
Nos anos seguintes ficariam separados, trabalhariam juntos e novamente se separariam, até que, no final da década de 90, a política brasileira para aposentadorias mudou e professores começaram a debandar das universidades públicas.
Foi quando, por acordos firmados entre os governos do Brasil e da Alemanha, Klaus Hartfelder voltou novamente à USP de Ribeirão.
Morando há 12 anos na cidade, ele diz que a relação de adoção já se sedimentou. A rede de amigos, tanto acadêmicos quanto os de fora da universidade, já é maior aqui do que na Alemanha.
"Nunca cogitei deixar o Brasil nem Ribeirão. Eu e minha mulher estamos muito bem estabelecidos", disse. Sua única crítica à cidade é em relação à programação dos cinemas.
De melhor, Hartfelder elegeu o Quarteirão Paulista, no centro, o Theatro Pedro 2º e a Orquestra Sinfônica Municipal de Ribeirão Preto como as referências.
E como não poderia deixar de ser, acabou respondendo à inevitável pergunta se ainda se sente um alemão de origem ou um alemão adotado pelo Brasil. "Hoje sou bem mais leve, menos rígido, menos sério", avaliou. "Sinto-me brasileiro", afirma.
Mesmo assim, ele não aposta no Brasil como campeão da Copa. Também não escolhe o país natal. Acha que a Itália leva o caneco.
(PAULO GODOY)


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