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Sobra vaga de deficiente em fábricas de Sertãozinho
Acordo com o Ministério Público não é cumprido por falta de operários
Cumprimento de Termo de Ajustamento de Conduta foi prorrogado porque as empresas não conseguiram contratar
HÉLIA ARAUJO
ENVIADA ESPECIAL A SERTÃOZINHO
Há cerca de cem vagas para deficientes não preenchidas nas indústrias e empresas de Sertãozinho. Gestores
dizem que não encontram o
número de profissionais capacitados para o trabalho.
Para melhorar essa situação, o Ministério Público de
Sertãozinho fiscaliza o cumprimento de um TAC (Termo
de Ajustamento de Conduta)
-firmado com 24 empresas
de diversos segmentos- para a contratação de deficientes de acordo com a Lei das
Cotas, em vigor há 19 anos no
Brasil, para empresas com
mais de cem funcionários.
Segundo a promotora de
Sertãozinho, Cláudia Habib,
as empresas precisam passar
por um processo de capacitação, adaptação e finalmente
a contratação dos profissionais com deficiências.
"Todas as empresas que se
comprometeram com o TAC
fizeram isso pensando na inclusão social dos deficientes
no mercado de trabalho. O
que me surpreendeu foi que
quase nenhuma mostrou que
faria as contratações por conta da lei", disse.
Segundo a Lei das Cotas,
empresas que têm entre cem
e 200 funcionários devem ter
em seu quadro pelo menos
2% de deficientes, enquanto
as que têm entre 200 e 500
devem ter 3% de profissionais com algum tipo de deficiência. Para as empresas de
500 a mil empregados, a cota
é de 4% e acima disso, 5%.
Apesar do número de pessoas que poderiam ocupar as
vagas, as empresas encontram muitas dificuldades na
hora de contratar. "O grande
problema é que Sertãozinho
tem muitas empresas, e algumas delas são bem grandes, e
não há tantos deficientes para essas vagas."
A promotora disse que precisou prorrogar o prazo de
adequação ao TAC para algumas empresas que não conseguiram cumprir o acordo.
A multa para o descumprimento, que antes era de 20
salários mínimos por dia,
passou para 30 salários.
"Outro entrave do TAC foi
a grave crise financeira que
Sertãozinho enfrentou no
ano passado. Muitos empregadores pediram a prorrogação dos prazos porque não tinham condições financeiras
de contratar naquele momento. Mas de maneira geral
as empresas têm se esforçado
para cumprir o acordo."
Segundo o especialista em
direito do trabalho Carlos
Antônio Souza, outro fator
que gera a falta de deficientes
é a pensão mensal que eles
recebem do INSS (Instituto
Nacional do Seguro Social)
caso provem não conseguir
trabalhar em função de sua
necessidade especial.
Normalmente, as pessoas
que recebem o benefício preferem complementar a renda
com atividades informais a
procurar um trabalho com
registro em carteira, já que
assim eles perdem o direito
que têm à pensão.
O almoxarife Rogério Valentim, 29, tem má formação
na mão e no pé, mas disse
que nunca pensou em deixar
de trabalhar por isso.
"Nunca passou pela minha cabeça me aposentar por
invalidez. Trabalho, sou cobrado como todos e acho ótimo. Tem quem nem perceba
que tenho deficiência."
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