Ribeirão Preto, Sábado, 22 de Novembro de 2008

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São Carlos tenta manter semiliberdade

Salesianos, que administravam a medida há oito anos, não renovaram convênio com a Fundação Casa

JULIANA COISSI
DA FOLHA RIBEIRÃO

Os principais especialistas na área da infância e juventude de São Carlos consultados pela Folha afirmam que o Estado precisa buscar uma alternativa e restabelecer o atendimento de semiliberdade no município, suspenso nesta semana.
Os Salesianos, ONG ligada à Igreja Católica que administrava a medida há oito anos, decidiu não renovar o convênio firmado com a Fundação Casa.
O serviço funcionava em uma chácara, onde os garotos dormiam e, durante o dia, freqüentavam a escola comum. Os padres Salesianos não aceitam proposta do governo de renovar o contrato -o Estado quer assumir a gestão e colocar mais agentes de segurança.
Em março deste ano, o monitor Artur Carlos de Lima, 38, foi morto na chácara com três tiros disparados por um interno de 16 anos.
Na opinião do juiz da Infância e Juventude João Baptista Galhardo Júnior, a semiliberdade é uma medida fundamental para recuperar um perfil de garoto que não pode cumprir medida de meio aberto, mas também não cometeu delito grave o suficiente para ser encaminhado para internação.
O juiz disse aprovar a atuação dos Salesianos. "Foi um trabalho profícuo. A unidade atendia a contento e vários jovens que passaram por ela tiveram recuperação." Ele definiu como "lamentável" a morte do monitor, "mas reitero minha visão positiva do trabalho".
O promotor da Infância e Juventude Marcelo Buffulin Mizuno disse não acreditar que a semiliberdade esteja encerrada. "Neste momento, queremos salvar a unidade e ainda tentar um acordo." Sem a medida, disse, o atendimento a infratores terá prejuízo.
O prefeito Newton Lima (PT), interessado em manter a semiliberdade, pediu audiência com o governador José Serra (PSDB). "Mandei uma carta ao governador para que a gente rediscuta o funcionamento da semiliberdade que, para São Carlos, sempre foi uma vitrine de um processo bem-sucedido de ressocialização."
Lima elogiou o projeto dos Salesianos -o coordenador, padre Agnaldo Soares Lima, já foi secretário de seu governo. "É extraordinário. Os prêmios que receberam mostram a excelência do trabalho."


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