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Ribeirão suspende aumento de médicos
Ideia da Secretaria da Saúde era dar bônus maior aos emergencialistas, mas restante da categoria ameaçou fazer greve
Proposta visava atrair mais profissionais desta área; secretária diz que vai tentar incluir um aumento para todos no novo Orçamento
VERIDIANA RIBEIRO
DA FOLHA RIBEIRÃO
Para evitar uma greve de médicos nos postos da rede municipal, a Secretaria da Saúde de
Ribeirão Preto suspendeu o
projeto de reajustar, ainda neste ano, o salário dos emergencialistas da rede municipal.
A titular da pasta, Carla Palhares, defendia o pagamento
de um bônus maior aos emergencialistas, que recebem R$
4.044 de salário-base, além de
um extra que varia conforme o
número de horas trabalhadas e
a data em que o profissional
atende (plantões em feriados
são melhor remunerados).
A proposta, no entanto, foi
mal recebida pelos médicos das
outras áreas da secretaria. Eles
reclamaram ao Simesp (Sindicato dos Médicos do Estado de
São Paulo) em Ribeirão e levantaram a possibilidade de fazer
uma "greve branca" (trabalhar
em ritmo mais lento), caso
também não recebessem aumento de salários.
"Foi um alvoroço. Para não
criar essa polêmica, porque o
pessoal ia querer parar [de trabalhar], falamos para a Carla
que era melhor esperar até dar
aumento para todo mundo",
disse Marco Aurélio de Almeida, presidente do Simesp. Segundo Almeida, foram feitas
duas reuniões para discutir o
assunto com os médicos, a última delas realizada há um mês.
A secretária da Saúde, ex-presidente do Simesp, admite
que preferiu evitar um confronto direto com os médicos a
oferecer o reajuste aos emergencialistas. "Se eu for resolver
o problema da emergência, mas
colocar os outros médicos insatisfeitos e em greve, estarei
dando um tiro no próprio pé".
Diante da pressão da categoria, Palhares estuda agora uma
proposta de reajuste para os
médicos que possa ser incluída
no Orçamento Municipal de
2010. A proposta deve exigir a
elaboração de um novo projeto
de lei, já que hoje o salário-base
dos servidores da Prefeitura de
Ribeirão varia conforme o grau
de escolaridade dos funcionários e não de acordo com a categoria dos profissionais.
Conforme antecipou a Folha
em maio, a ideia da secretária
era aumentar o salário ou bonificação dos emergencialistas
para melhorar o atendimento
nas UBDSs (Unidades Básicas
Distritais de Saúde), que funcionam como prontos-socorros. Nos últimos anos, a prefeitura de Ribeirão enfrenta dificuldades para contratar médicos para a emergência.
Somente neste ano, foram
abertos dois processos seletivos para contratar 30 médicos
emergencialistas, mas apenas
13 se inscreveram.
Anteontem, a Folha esteve
no NGA (Núcleo de Atendimento Geral), onde atendem
os especialistas, e na UBDS
Central, a mais movimentada
da rede municipal. Cinco médicos foram abordados, mas apenas um se dispôs a falar.
"Não adianta aumentar, por
meio de bônus, o pagamento
para os emergencialistas e deixar o resto como está. Até porque eles já ganham a mais porque trabalham nos fins de semana e feriados", disse Antônio Carlos Câmara, ginecologista da prefeitura que atende
tanto em consultas especializadas quanto na emergência.
(COM ROBERTO MADUREIRA)
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