Ribeirão Preto, Sexta-feira, 26 de Junho de 2009

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Ribeirão suspende aumento de médicos

Ideia da Secretaria da Saúde era dar bônus maior aos emergencialistas, mas restante da categoria ameaçou fazer greve

Proposta visava atrair mais profissionais desta área; secretária diz que vai tentar incluir um aumento para todos no novo Orçamento


VERIDIANA RIBEIRO
DA FOLHA RIBEIRÃO

Para evitar uma greve de médicos nos postos da rede municipal, a Secretaria da Saúde de Ribeirão Preto suspendeu o projeto de reajustar, ainda neste ano, o salário dos emergencialistas da rede municipal.
A titular da pasta, Carla Palhares, defendia o pagamento de um bônus maior aos emergencialistas, que recebem R$ 4.044 de salário-base, além de um extra que varia conforme o número de horas trabalhadas e a data em que o profissional atende (plantões em feriados são melhor remunerados).
A proposta, no entanto, foi mal recebida pelos médicos das outras áreas da secretaria. Eles reclamaram ao Simesp (Sindicato dos Médicos do Estado de São Paulo) em Ribeirão e levantaram a possibilidade de fazer uma "greve branca" (trabalhar em ritmo mais lento), caso também não recebessem aumento de salários.
"Foi um alvoroço. Para não criar essa polêmica, porque o pessoal ia querer parar [de trabalhar], falamos para a Carla que era melhor esperar até dar aumento para todo mundo", disse Marco Aurélio de Almeida, presidente do Simesp. Segundo Almeida, foram feitas duas reuniões para discutir o assunto com os médicos, a última delas realizada há um mês.
A secretária da Saúde, ex-presidente do Simesp, admite que preferiu evitar um confronto direto com os médicos a oferecer o reajuste aos emergencialistas. "Se eu for resolver o problema da emergência, mas colocar os outros médicos insatisfeitos e em greve, estarei dando um tiro no próprio pé".
Diante da pressão da categoria, Palhares estuda agora uma proposta de reajuste para os médicos que possa ser incluída no Orçamento Municipal de 2010. A proposta deve exigir a elaboração de um novo projeto de lei, já que hoje o salário-base dos servidores da Prefeitura de Ribeirão varia conforme o grau de escolaridade dos funcionários e não de acordo com a categoria dos profissionais.
Conforme antecipou a Folha em maio, a ideia da secretária era aumentar o salário ou bonificação dos emergencialistas para melhorar o atendimento nas UBDSs (Unidades Básicas Distritais de Saúde), que funcionam como prontos-socorros. Nos últimos anos, a prefeitura de Ribeirão enfrenta dificuldades para contratar médicos para a emergência.
Somente neste ano, foram abertos dois processos seletivos para contratar 30 médicos emergencialistas, mas apenas 13 se inscreveram.
Anteontem, a Folha esteve no NGA (Núcleo de Atendimento Geral), onde atendem os especialistas, e na UBDS Central, a mais movimentada da rede municipal. Cinco médicos foram abordados, mas apenas um se dispôs a falar.
"Não adianta aumentar, por meio de bônus, o pagamento para os emergencialistas e deixar o resto como está. Até porque eles já ganham a mais porque trabalham nos fins de semana e feriados", disse Antônio Carlos Câmara, ginecologista da prefeitura que atende tanto em consultas especializadas quanto na emergência.
(COM ROBERTO MADUREIRA)


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