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Foco
Sapateiros se surpreendem com demissões e padecem sem obter novo emprego
JULIANA COISSI
ENVIADA ESPECIAL A FRANCA
A situação da sapateira Maria Isabel da Silva Sales, 33,
engrossa as estatísticas do desemprego em Franca. Depois
de trabalhar por cinco meses
em uma fábrica de calçados,
foi demitida no último dia 20.
Ontem à tarde, Maria Isabel
concluía seu processo de rescisão do contrato na sede do
Sindicato dos Trabalhadores
das Indústrias de Calçados de
Franca. "Não sei o que fazer
agora. Recebi R$ 360 de acerto, mas só de dívidas, tenho
R$ 500 para pagar."
Só ontem, além de Maria
Isabel, outras cinco pessoas fizeram a rescisão. E a agenda
está cheia: quinta-feira, serão
mais 12 rescisões. No dia seguinte, outros 50 trabalhadores encerram seus contratos e
na próxima semana, 40.
Ao lado da sala onde Maria
Isabel concluía sua rescisão, o
pedreiro Everton Reis da Silva
André, 20, trabalhava no conserto do piso do sindicato.
Everton lembra-se de quando
precisou abandonar o emprego de sapateiro porque sua
empresa fechou as portas.
"Comecei a fazer bicos e entrei na construção civil. Mas,
se pudesse, voltava para o sapato. Gosto de trabalhar com
calçado", afirmou.
O sapato é o responsável pela falta de emprego de famílias
inteiras. É o caso da sapateira
Seleide Silva Bertelli, 44, no
ofício desde os 14, de suas
duas filhas e de seus dois
genros, além de amigos e vizinhos na cidade.
Depois de manter por 23
anos em sua casa uma banca
de pesponto -costura dos calçados enviados pelas fábricas
da cidade-, Seleide conseguiu
em janeiro do ano passado
emprego em uma indústria.
Em agosto, obteve registro
temporário, com a promessa
de ser efetivada. Em novembro, porém, foi demitida.
"Tive princípio de depressão, já fui três vezes ao pronto-socorro", afirmou. Desde
sua demissão, todos os dias ela
bate à porta de indústrias locais à espera de vaga.
A filha Denise Silva Bertelli,
20, que trabalhava na indústria calçadista desde agosto,
foi demitida junto com a mãe.
Seu namorado, sua irmã mais
velha e seu cunhado desde novembro não conseguem manter suas bancas de pesponto.
Colaborou SILVA JUNIOR
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