Ribeirão Preto, Terça-feira, 27 de Janeiro de 2009

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Foco

Sapateiros se surpreendem com demissões e padecem sem obter novo emprego

JULIANA COISSI
ENVIADA ESPECIAL A FRANCA

A situação da sapateira Maria Isabel da Silva Sales, 33, engrossa as estatísticas do desemprego em Franca. Depois de trabalhar por cinco meses em uma fábrica de calçados, foi demitida no último dia 20.
Ontem à tarde, Maria Isabel concluía seu processo de rescisão do contrato na sede do Sindicato dos Trabalhadores das Indústrias de Calçados de Franca. "Não sei o que fazer agora. Recebi R$ 360 de acerto, mas só de dívidas, tenho R$ 500 para pagar."
Só ontem, além de Maria Isabel, outras cinco pessoas fizeram a rescisão. E a agenda está cheia: quinta-feira, serão mais 12 rescisões. No dia seguinte, outros 50 trabalhadores encerram seus contratos e na próxima semana, 40.
Ao lado da sala onde Maria Isabel concluía sua rescisão, o pedreiro Everton Reis da Silva André, 20, trabalhava no conserto do piso do sindicato.
Everton lembra-se de quando precisou abandonar o emprego de sapateiro porque sua empresa fechou as portas.
"Comecei a fazer bicos e entrei na construção civil. Mas, se pudesse, voltava para o sapato. Gosto de trabalhar com calçado", afirmou.
O sapato é o responsável pela falta de emprego de famílias inteiras. É o caso da sapateira Seleide Silva Bertelli, 44, no ofício desde os 14, de suas duas filhas e de seus dois genros, além de amigos e vizinhos na cidade.
Depois de manter por 23 anos em sua casa uma banca de pesponto -costura dos calçados enviados pelas fábricas da cidade-, Seleide conseguiu em janeiro do ano passado emprego em uma indústria.
Em agosto, obteve registro temporário, com a promessa de ser efetivada. Em novembro, porém, foi demitida.
"Tive princípio de depressão, já fui três vezes ao pronto-socorro", afirmou. Desde sua demissão, todos os dias ela bate à porta de indústrias locais à espera de vaga.
A filha Denise Silva Bertelli, 20, que trabalhava na indústria calçadista desde agosto, foi demitida junto com a mãe.
Seu namorado, sua irmã mais velha e seu cunhado desde novembro não conseguem manter suas bancas de pesponto.


Colaborou SILVA JUNIOR


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