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Garoto de Franca entra em classe especial após família voltar do Japão
DA FOLHA RIBEIRÃO
Em Franca, Suemy Imada
Duarte, 32, conseguiu que o filho mais velho, Ricardo Miguel Imada Duarte, 10, fosse
matriculado numa classe chamada "especial" com apenas
19 alunos na escola municipal
Professor Dante Guedine Filho -nas salas de aula tradicionais, estudam cerca de 30
crianças.
"Foi complicado quando ele
chegou. Ele não conseguia ler
bem, escrever. A avaliação da
escola foi a de que ele não era
alfabetizado em português. Se
ele tivesse ficado em uma
classe normal com os outros
alunos, acho que teria ficado
frustado", disse a mãe.
Por causa da atenção especial, o garoto foi aprovado em
2009 e, neste ano, permanece
na classe especial, cursando o
4º ano do fundamental. "Ele
já está bem melhor. A professora acredita que ele irá para a
classe normal no segundo semestre", disse Imada.
A alternativa encontrada
pela família reflete a necessidade de ajuda dos decasséguis
que voltaram ao Brasil por
causa da crise econômica trazendo filhos do exterior.
Em outras regiões do país, a
Folha encontrou exemplos
de associações culturais nipônicas que ensinam português
a crianças e adolescentes, e
também cursinhos particulares, como os da rede Kumon,
que atendem os filhos de decasséguis.
Em Mogi das Cruzes, onde
está a segunda maior concentração de imigrantes japoneses do Brasil -a primeira está
na capital -, a associação
Bunkyô oferece de três a quatro aulas semanais de português para as crianças que retornaram ao Brasil com pouco ou quase nenhum conhecimento em língua portuguesa.
"Temos uma professora
descendente que dava aulas
de japonês para os sócios e
que passou também a ensinar
português depois da crise
[econômica]", disse o presidente da Bunkyô, Kiyoji Nakayama, 64.
Em Londrina, no Paraná,
Cristina, que retornou ao
Brasil em julho do ano passado, matriculou o filho de oito
anos em um curso de dois meses de português no Kumon.
"Ele começou do zero mesmo, do bê-a-bá. Foi difícil
quando voltamos. Na escola,
os professores não conseguiam se comunicar com ele,
ele ficava irritado, batia nos
amiguinhos porque eles tiravam um pouco de sarro dele,
do sotaque dele", contou a
mãe, que ainda conversa com
o filho em japonês em casa.
"Ele não pode esquecer o que
aprendeu", disse.
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