Ribeirão Preto, Domingo, 28 de Fevereiro de 2010

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Garoto de Franca entra em classe especial após família voltar do Japão

DA FOLHA RIBEIRÃO

Em Franca, Suemy Imada Duarte, 32, conseguiu que o filho mais velho, Ricardo Miguel Imada Duarte, 10, fosse matriculado numa classe chamada "especial" com apenas 19 alunos na escola municipal Professor Dante Guedine Filho -nas salas de aula tradicionais, estudam cerca de 30 crianças.
"Foi complicado quando ele chegou. Ele não conseguia ler bem, escrever. A avaliação da escola foi a de que ele não era alfabetizado em português. Se ele tivesse ficado em uma classe normal com os outros alunos, acho que teria ficado frustado", disse a mãe.
Por causa da atenção especial, o garoto foi aprovado em 2009 e, neste ano, permanece na classe especial, cursando o 4º ano do fundamental. "Ele já está bem melhor. A professora acredita que ele irá para a classe normal no segundo semestre", disse Imada.
A alternativa encontrada pela família reflete a necessidade de ajuda dos decasséguis que voltaram ao Brasil por causa da crise econômica trazendo filhos do exterior.
Em outras regiões do país, a Folha encontrou exemplos de associações culturais nipônicas que ensinam português a crianças e adolescentes, e também cursinhos particulares, como os da rede Kumon, que atendem os filhos de decasséguis.
Em Mogi das Cruzes, onde está a segunda maior concentração de imigrantes japoneses do Brasil -a primeira está na capital -, a associação Bunkyô oferece de três a quatro aulas semanais de português para as crianças que retornaram ao Brasil com pouco ou quase nenhum conhecimento em língua portuguesa.
"Temos uma professora descendente que dava aulas de japonês para os sócios e que passou também a ensinar português depois da crise [econômica]", disse o presidente da Bunkyô, Kiyoji Nakayama, 64.
Em Londrina, no Paraná, Cristina, que retornou ao Brasil em julho do ano passado, matriculou o filho de oito anos em um curso de dois meses de português no Kumon.
"Ele começou do zero mesmo, do bê-a-bá. Foi difícil quando voltamos. Na escola, os professores não conseguiam se comunicar com ele, ele ficava irritado, batia nos amiguinhos porque eles tiravam um pouco de sarro dele, do sotaque dele", contou a mãe, que ainda conversa com o filho em japonês em casa. "Ele não pode esquecer o que aprendeu", disse.


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